Fusão de DEM e PSL mexe nas eleições estaduais; nova sigla pode ter até 12 candidatos, saiba quem

Geraldo Alckmin e Romeu Zema estão entre os nomes que discutem aderir à nova sigla, que terá o maior fundo público para campanhas eleitorais. Convenção para oficializar união dos dois partidos está marcada para hojeGeraldo Alckmin, Romeu Zema e Capitão Wagner Foto: Agência O Globo
Geraldo Alckmin, Romeu Zema e Capitão Wagner Foto: Agência O Globo
O GLOBO
SÃO PAULO — A fusão entre DEM e PSL deve alterar o xadrez eleitoral para as disputas estaduais do ano que vem. A estrutura da nova legenda, que terá o maior tempo de propaganda de TV e a maior fatia do fundo público para financiar campanhas, se transformou num fator de atração para quem planeja concorrer aos governos locais. Os dois partidos marcaram para hoje uma convenção conjunta para oficializar a criação da nova sigla.

Dirigentes que articularam a fusão planejam ter de dez a 12 candidatos. Nessa conta entram nomes que já pretendiam disputar a eleição pelo DEM, como Ronaldo Caiado, em Goiás, e ACM Neto, na Bahia, e políticos de outras legendas que passaram a discutir uma migração, como o governador mineiro Romeu Zema (Novo) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de saída do PSDB.

— O partido pretende nascer com toda a força nos estados. A gente calcula que deve ter entre dez e 12 candidatos a governador, todos com bastante competitividade, nomes sólidos no Brasil — diz o presidente do DEM, ACM Neto.

Nas últimas semanas, Zema se encontrou com ACM e com o deputado Junior Bozzella (SP), um dos vice-presidentes do PSL. De acordo com pessoas que acompanham as tratativas, Zema está incomodado com o racha do Novo entre grupos pró e contra o impeachment de Jair Bolsonaro. Procurado, o governador informou que prefere não se manifestar sobre o tema.

Alckmin passou a adiar a sua transferência do PSDB para o PSD de olho na possibilidade de ingressar na nova sigla. Na quarta-feira passada, se reuniu com o comando do PSL de São Paulo e mostrou interesse em saber quantos candidatos a governador o novo partido terá. Alckmin tem dito a pessoas próximas que precisa de estrutura partidária, recursos e de um amplo arco de alianças para alavancar sua candidatura contra o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB).

No Ceará, o deputado Capitão Wagner (PROS) negocia ingressar na nova legenda e disputar o governo estadual. O parlamentar não quis comentar a mudança de partido, mas pessoas próximas dizem que ele espera a concretização da fusão para bater o martelo. Caso a entrada do parlamentar não se concretize, lideranças do novo partido não descartam aliança com o grupo de Ciro Gomes (PDT), que deve ter um candidato.

No Amazonas, a entrada no novo partido do veterano Amazonino Mendes, que deixou o Podemos em julho, é dada como certa para concorrer ao governo local. Em Pernambuco, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, trocou o MDB pelo DEM no fim de setembro e deve ser o candidato da nova legenda. Filho do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB), Coelho já vinha negociando sua filiação.

— Com a fusão, fortalece o projeto (de lançar Coelho). As condições de competitividade dos candidatos majoritários no partido derivado da fusão DEM-PSL serão muito melhores — avalia o ex-ministro Mendonça Filho, presidente do DEM de Pernambuco.

Mais dinheiro

Se somados os atuais deputados das duas siglas, a legenda a ser criada chegaria a 81 parlamentares na Câmara. Mas a expectativa é que a ala bolsonarista, que representa cerca de metade de 53 nomes do PSL, migre para o partido que o presidente se filiar. Devem haver defecções também entre os deputados do DEM.

A sigla que surgirá terá os maiores fundos partidário e eleitoral. O primeiro, que é distribuído todos os meses aos partidos políticos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deve ficar em torno de R$ 140 milhões, se levada em consideração as quantias recebidas por DEM e PSL no ano passado. O valor é 75% maior do que o pago ao PT, o segundo maior beneficiário do Fundo Partidário atualmente.

No caso do Fundo Eleitoral, que é distribuído apenas em anos eleitorais, o novo partido ficará com cerca de R$ 320 milhões, 60% a mais do que o PT, se a quantia total for a mesma de 2020.

 

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