Tucanos e emedebistas podem se unir em 2022 para barrar ascensão da Família Trad

No cenário político de 2022 não se descarta Murilo Zauith no TCE e Paulo Corrêa no Governo do Estado comandando o processo sucessório

As relações entre Marquinhos Trad (PSD) e Reinaldo Azambuja (PSDB) teriam azedado nos primeiros dias do ano _ Arquivo
Paulinho Soares

Um possível rompimento político entre o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o prefeito campo-grandense, Marquinhos Trad (PSD), começa a ser comentado pela imprensa especializada exatamente no momento em que o senador Nelsinho Trad (também do PSD e irmão do prefeito da Capital), torna pública a sua intenção de disputar o Governo de Mato Grosso do Sul em 2022.

Senador da República Nelsinho Trad (PSD) – Arquivo

O senador Nelsinho Trad também coloca, nesse momento, o PSD distante do MDB ao anunciar que seguirá a orientação do seu partido e votará em Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para presidir o Senado da República em detrimento de sua colega de bancada sul-mato-grossense, senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Esses fatos somados representam uma espécie de pontapé inicial para a costura das alianças com vistas a 2022, permitindo o surgimento de especulações sobre uma possível união entre o PSDB do governador Reinaldo Azambuja ao MDB do ex-governador André Puccinelli para tentar conter o crescimento e ocupação de espaços políticos por integrantes da Família Trad.

Deputado federal Fábio Trad (PSD) – Arquivo 

Atualmente, os Trad estão representados na Câmara Municipal de Campo Grande, com o vereador Otávio, na Prefeitura da Capital, com o prefeito Marquinhos, no Senado, com Nelsinho, e na Câmara Federal, com o deputado Fábio Trad. Todos do PSD. A família ainda tentou mandar uma representante para a Assembleia Legislativa, porém, a votação de Tetê Trad, irmã de Marquinhos, Fábio e Nelsinho e tia de Otávio, não foi suficiente para lhe garantir um mandato.

Vereador Otávio Trad (PSD) – Arquivo 

Voltando ao anunciado distanciamento entre Reinaldo e Marquinhos, isso já pode ser o primeiro reflexo de uma análise do quadro nada animador que se apresentou ao PSDB depois de computados os resultados da eleição de 15 de novembro passado.

Além de ter dado de presente a Prefeitura de Campo Grande a Marquinhos Trad que, inclusive, manteve na chapa majoritária a sua vice-prefeita Adriane Lopes, filiada ao Patriota, o PSDB perdeu a Presidência da Câmara da Capital e disputas importantes no interior, como as prefeituras de Dourados, conquistada por Alan Guedes (PP), de Nova Andradina, onde Roberto Hashioka foi derrotado por Gilberto Garcia (PL), e até em Jardim, uma das grandes surpresas com a derrota do prefeito e candidato à reeleição Guilherme Monteiro, filho do conselheiro do TCE, Márcio Monteiro. Ele foi derrotado pela atual prefeita Dra. Clediane (DEM).

A grande verdade é que pode ter caído a ficha da alta cúpula do PSDB que passa a desconfiar que se não darem um basta imediato no crescimento da Família Trad no cenário político, vai chegar um momento em que a maior parte dos espaços políticos estarão ocupados por eles.

Com Nelsinho já anunciando a candidatura ao Governo do Estado em 2022, o PSDB tem de ficar esperto, pois, quem sai na frente assume a dianteira também no processo de articulações em busca do poder. E se Nelsinho conquistar determinados apoios à sua pretensão pode acontecer com o PSDB o mesmo que ocorreu em passado recente com o MDB de Puccinelli e o PT de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.

Trocando em miúdos, ao entrar em seu segundo mandato no ano que vem, Reinaldo Azambuja deve estudar a possibilidade de renunciar ao mandato no fim de março ou começo de abril para concorrer ao Senado da República, mas, para tanto precisará ter costurado uma aliança partidária com forte musculatura eleitoral.

Vice-governador Murilo Zauith (DEM) – Arquivo

Além de todo esse cenário a ser analisado, Reinaldo Azambuja terá ainda de pesar na balança se pode ou não pode confiar no seu vice-governador Murilo Zauith (DEM) que acaba de deixar o primeiro escalão do governo estadual para ficar apenas como substituto imediato de Reinaldo.

Não se descarta aqui uma articulação para tirar Murilo do caminho, abrindo a vaga de vice-governador ao presidente da Assembleia Legislativa. Uma solução seria convencer Murilo a aceitar uma cadeira no Tribunal de Contas, o que não é tarefa das mais difíceis, já que o cargo vitalício no TCE é o mais cobiçado dentre todos os possíveis “presentes” ofertados a um político.

Deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa (PSDB) – Arquivo

Com Murilo fora do caminho, o deputado estadual Paulo Corrêa, presidente da Assembleia Legislativa, amigo pessoal e homem de extrema confiança de Reinaldo é quem assumiria o Governo do Estado por oito meses e conduziria o processo sucessório.

Mas são apenas ilações, nada concreto, mas são hipóteses que não podem ser descartadas, uma vez que Reinaldo sabe que se não fizer o seu sucessor e ficar sem mandato, as dores de cabeça que já enfrenta junto ao Poder Judiciário poderão aumentar consideravelmente e o seu partido tenderá a enfraquecer e ser dizimado com o passar dos anos.

Ex-governador José Orcírio Miranda do Santos, o Zeca do PT – Arquivo

Foi assim com o PT de Zeca que colocou a legenda como a maior de Mato Grosso do Sul quando cumpria seu segundo mandato de governador. Hoje, 14 anos depois de o partido deixar o governo, o PT não administra uma única Prefeitura no Estado. Suas lideranças se restringem a dois deputados estaduais, um deputado federal e algumas dezenas de vereadores espalhados pelo Estado.

Ex-governador do Estado André Puccinelli (MDB)

O mesmo ocorreu com o MDB de André Puccinelli. Quando ele estava no comando do Governo Estadual, a legenda estava pra lá de inchada. Todo mundo queria ser ou estar no partido do governador. Com a mudança de comando no Poder Executivo, o partido minguou e na eleição passada fez menos de uma dezena de prefeitos, a maioria em pequenos municípios interioranos, enquanto na Capital conseguiu eleger apenas dois vereadores, os médicos Loester Nunes de Oliveira e Jamal Salém. (Publicação original do site www.impactoms.com). 

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