Aos 36 anos de idade, Cristiano Ronaldo já não tem muito o que provar ao futebol. Cinco vezes melhor do mundo, multicampeão por Manchester United, Real Madrid e Juventus, além de maior artilheiro da história do futebol em jogos oficiais, o gajo já tem status de lenda para o esporte. Mas os desafios que o moveram por toda a carreira o colocaram na estrada de novo: esta semana, o jogador decidiu que deixaria Turim rumo a um novo capítulo na reta final da sua carreira. E justamente no palco em que começou a brilhar.
O atleta negociou com o Manchester City, mas a entrada do rival Manchester United, que o projetou para o futebol, nas conversas mudou totalmente o rumo do atacante. Ele assinou um contrato válido por duas temporadas nesta sexta-feira. Em Old Trafford, Cristiano encantou o mundo com os dribles, a velocidade e o chute potente e preciso de um jogador que revolucionou a posição do ponta inglês, o winger. Foi na Inglaterra que Cristiano venceu sua primeira Bola de Ouro, em 2008, quando tinha apenas 23 anos. Por lá, também conquistou seu primeiro título da Champions League.
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— Eu liguei para Cristiano Ronaldo diretamente e perguntei: ‘O que está acontecendo? Me diga que está mentindo’ — comentou ex-zagueiro e ídolo do clube, Rio Ferdinand, sobre uma possível ida ao City.
Esse amor não existia na Juventus. Pelo contrário: por mais que Cristiano, bicampeão italiano, obtivesse bons números individuais, como a artilharia na última edição do Calcio, o momento ruim do clube, que ainda viu sua hegemonia de nove títulos nacionais seguidos cair, também atingiu o craque. Na Champions, as sucessivas falhas dos italianos em chegar longe também viraram motivos para questionamentos. Individualismo, lentidão… justas ou não, as críticas da torcida e de analistas italianos pesaram para cima do português.
Com o retorno de Massimiliano Allegri ao clube, conhecido pelo perfil de sinceridade e agora dono de uma carta branca ainda maior, as expectativas da imprensa italiana eram de que Ronaldo passaria a frequentar mais o banco de reservas. Tudo isso duas temporadas após a sexta bola de ouro de Messi, que desempatou a disputa na histórica rivalidade entre ambos. O cenário ficou nebuloso em Turim.
Na parada para Euro, o jogador mostrou que tem lenha para queimar. Foi titular de Portugal em campanha que levou os lusos às oitavas de final da competição. Em dia com a parte física, marcou cinco vezes e dividiu a artilharia com Schik, da República Tcheca. Mais um sinal de que não poderia perder seus últimos anos no banco de reservas.
Em Old Trafford, o craque voltará a sonhar com grandes títulos e, quem sabe, figurar entre os favoritos aos prêmios de melhor do mundo. O Manchester United, que amargou anos de irregularidade após a aposentadoria de Ferguson, vem estabelecendo um projeto de futebol sólido sob o comando de Ole Gunnnar Solskjaer. Na atual janela, fez dois movimentos ousados: trouxe a sensação inglesa Jadon Sancho e o zagueiro francês Raphael Varane, ex-companheiro de Ronaldo nos títulos europeus pelo Real Madrid. Tem boas possibilidades de brigar pelos títulos da Premier League e da Champions.
O principal desafio deve ser a readaptação ao futebol inglês. A liga exige um grande desempenho físico e tem como característica a velocidade no jogo. Cristiano já não tem mais a explosão e a resistência física que possuía quando se consagrou na ponta direita do time de Fergie. Tentar jogar centralizado, como fez quando chegou à Juve, pode ser uma opção. Um desafio como todos que moveram Cristiano Ronaldo até aqui.