Oficina Ortopédica Itinerante em MS amplia acesso e qualifica atendimento a pessoas com deficiência

Pacientes aguardando atendimento Oficina Ortopédica Itinerante – Cassilândia
Fotos: Divulgação

Kamilla Ratier

“Sofri o acidente em ambiente de trabalho enquanto operava uma máquina plantadeira, sofrendo a amputação do braço direito. Foram 22 anos de amputação até ter conhecimento da Oficina Ortopédica Itinerante e da Rede da Pessoa com Deficiência do Estado, e saber que teria essa possibilidade de protetização, principalmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, conta o representante comercial, Deigon Monteiro Ossuna.

Deigon faz parte de um rol de pacientes de Mato Grosso do Sul atendidos pela Oficina Ortopédica Itinerante, ação realizada pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio da Rede da Pessoa com Deficiência, CER IV/APAE (Centro Especializado em Reabilitação/Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Campo Grande e em parceria com as secretarias municipais de saúde.  

Conforme a gerente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência da SES, Juliana Medeiros, a Oficina Ortopédica Itinerante é habilitada pelo Ministério da Saúde, com calendário e organização aprovados em CIB (Comissão Intergestores Bipartite) desenvolvido pela SES a fim de aproximar o serviço especializado ao usuário do SUS no interior do estado.

O resultado dos atendimentos especializados na avaliação, prescrição e dispensação de OPM (Órtese, Prótese e Meios auxiliares de locomoção), pode ser visualizado e sentido pelo usuário do SUS com o aumento da sua capacidade funcional, conforto e qualidade de vida.

“Para a comunidade como um todo, podemos observar e sentir a inclusão da PcD (Pessoa com Deficiência) no cotidiano. Para os gestores do SUS o resultado é observado com menor índice de complicações associados à deficiência, bem como, a diminuição do transporte sanitário dos pacientes até a capital do estado.

Outro fator não quantificado, mas de grande importância é o retorno as atividades educacionais e de formação profissional das pessoas com deficiência, facilitada pelo uso de OPMs”, explica Juliana.

A Oficina Ortopédica Itinerante visa ampliar o acesso e qualificar o atendimento às pessoas com deficiência no SUS com foco na organização da Rede de Atenção à Saúde, percorrendo as microrregiões do estado com uma unidade móvel que realiza consultas e a concessão de meios auxiliares de locomoção às pessoas com deficiência físico-motora através do SUS.

No ano de 2023, entre os meses de janeiro e agosto, a Oficina Ortopédica Itinerante percorreu os municípios de Corumbá, Caarapó, Três Lagoas, Paranaíba, Ponta Porã, Naviraí, Aquidauana, Coxim, Jardim, Nova Andradina, Dourados, Cassilândia e Rio Brilhante, totalizando 2.137 pacientes atendidos.

“Após ter conhecimento do serviço, todo o processo de solicitação, avaliação e recebimento da prótese durou cerca de três meses. Foi um momento de muita emoção quando recebi a prótese no município de Rio Brilhante. Estou em fase de adaptação e tenho como objetivo voltar a laçar, o que fui impedido de realizar após o acidente. Estou muito feliz e espero que eu seja exemplo para outras pessoas amputadas para que nunca desistam e acreditem em sua capacidade de superação”, lembra Deigon.

Entre os produtos confeccionados e entregues estão: órteses, próteses, coletes, botas, palmilhas, cadeiras de rodas, de banho, muletas, bengalas e andadores. Para ter acesso aos serviços, a pessoa deverá previamente estar inserida na regulação SISREG (Sistema de Regulação).

“O paciente no ato da consulta na Oficina Ortopédica Itinerante, é avaliado quanto às OPMs que necessita, modelo e medidas. Somente após autorização do SISREG que o paciente receberá a OPM que necessita. O tempo médio de recebimento da OPM (sem medida) é de 45 dias. As OPMs com medidas, por exemplo a cadeira motorizada, têm tempo médio de três a seis meses conforme critérios específicos estipulados pelo Ministério da Saúde”, esclarece Juliana.

De acordo com a supervisora da oficina ortopédica do CER IV/APAE, Adriana Maria de Oliveira, existem critérios para a seleção do processo que será entregue ao paciente e para a população acessar esse trabalho deve procurar a rede pública de saúde, através da unidade de saúde mais próxima da sua residência, fazer a inserção do pedido de avaliação e durante a avaliação que será solicitado todo o material de tecnologia, desde cadeira, muleta, até a prótese, conforme a necessidade de cada paciente.

“A eleição do material depende do quadro do paciente, por isso que tem que ser muito bem avaliado e escolhido o processo que será entregue a esse paciente, qual é a tecnologia que vamos entregar, pois não são todos que são elencados para certos sistemas. O sistema é escolhido de acordo com o paciente”.

CER

O CER IV/APAE (Centro Especializado em Reabilitação/Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Campo Grande é um local especializado em serviços de reabilitação, realiza o diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistida aos pacientes.

Considerado referência para a rede de atenção à saúde da pessoa com deficiência física, intelectual, auditiva e visual em Mato Grosso do Sul, o CER IV/APAE conta com profissionais especializados em reabilitação como médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros, nutricionistas, educadores físicos e técnicos em órteses e próteses prezando sempre pela melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência.

Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

Instituído pela Lei nº 11.133/2005, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência é celebrado no dia 21 de setembro e tem o objetivo de conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. O preconceito e a inacessibilidade pública são alguns dos temas que precisam ser debatidos na data.

As comemorações ocorrem desde 1982 e foram uma iniciativa do MDPD (Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes), grupo que debate propostas de transformações sociais em prol dos portadores de deficiência há mais de 40 anos no país.

É considerada pessoa com deficiência aquela que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividades e requer atenção integral que compreenda ações de promoção, prevenção, assistência, reabilitação e manutenção da saúde.

As deficiências compreendem:

·         Deficiência física;
·         Deficiência visual;
·         Deficiência auditiva;
·         Deficiência mental;
·         Deficiência múltipla. 

Na esfera da saúde, a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência estabelece como suas principais diretrizes:

·         Promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência;
·         Assistência integral à saúde da pessoa com deficiência;
·         Prevenção de deficiências;
·         Ampliação e fortalecimento dos mecanismos de informação;
·         Organização e funcionamento dos serviços de atenção à pessoa com deficiência;
·         Capacitação de recursos humanos. 

A atenção integral à saúde, destinada à pessoa com deficiência, pressupõe uma assistência específica à sua condição, ou seja, serviços estritamente ligados à sua deficiência, além de assistência a doenças e agravos comuns a qualquer cidadão.

O atendimento é prestado pelos profissionais das equipes de Saúde da Família – médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentistas e auxiliares de consultório dentário – na unidade de saúde ou nos domicílios.

É importante procurar uma unidade de saúde próximo a sua residência, pois é onde o usuário do SUS (Sistema Único de Saúde) terá acesso à avaliação do seu estado geral de saúde, podendo ser encaminhado a um serviço que ofereça avaliação funcional e de reabilitação e, quando necessário, à aquisição de órteses e próteses.

 

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