Taylor Swift estreia ‘Eras Tour’ no Brasil hipnotizando o público em meio ao calor
Embora a abertura do show, que marca a primeira passagem de uma turnê da cantora pelo país, não tenha sido inédita para os fãs —já que muitos correram para ver o filme da apresentação nos cinemas—, a presença da cantora no enorme palco foi o suficiente para deixar a plateia eufórica em todos os cantos do estádio.
Em ato ensaiado, antes de abrir com a música “The Man”, por onde ela apontasse o dedo, fãs gritavam, demonstrando que ela tem as emoções do seu público na ponta do dedo. Um simples movimento de mão levava os fãs onde quer que ela queria.
Mais de 60 mil fãs pulavam e gritavam, exultantes, quando Swift cantou “Cruel Summer”, música do álbum “Lover”, a primeira parada do show. Em seguida, ela entoou o hit que dá nome ao álbum e, enfim, fez o que tantos estavam esperando —se dirgiu ao público. “Rio, bem-vindos à ‘Eras Tour'”, gritou a artista.
Swift intercala as músicas mais calmas com outras mais animadas para manter os fãs sempre na expectativa. Foi o caso da dupla “Cruel Summer” e “Lover”, e depois com “Look What you Made Me Do” e “You Belong With Me”.
Homenageada com uma projeção no Cristo Redentor na noite de quinta, quando chegou ao país, Swift agradeceu a honraria da cidade em seguida. “Eu vi algo que não acreditei quando vi, achei que era Photoshop. Estou muito orgulhosos de vocês por terem doado tanta comida e água. Foi a coisa mais legal que já fizeram por mim. Finalmente trouxe a ‘Eras Tour’ para o Brasil.”
Apesar da euforia, o calor intenso da noite começou a exigir demais do público. Nas áreas próximas ao palco, fãs relatavam estar passando mal em meio à sensação térmica de quase 60ºC. A certa altura, a própria cantora deu atenção ao público, pôs o violão nas costas, seguiu cantando, pegou uma garrafa de água com a produção e arremessou para a plateia.
O calor seguia a todos ali desde muito antes do início do show. Sob o sol da manhã, fãs já se amontoavam em filas, entre cangas amarradas em grades para simular cabanas, leques vendidos por ambulantes e guarda-chuvas para proteção contra o sol.
O fato do show só começar dali a mais de dez horas não desestimulou os mais fiéis, em busca do melhor lugar para verem a “loirinha”, como carinhosamente chamam a americana.
Sinais ainda mais evidentes da devoção começaram ainda durante a passagem de som da cantora, por volta das 14h30.
Em volta de todo o estádio, nas filas de todos os setores, fantasiados e caracterizados de acordo com as “eras” da carreira da cantora, era possível ouvir as vozes em uníssono completando as letras das músicas “Ready for it…?”, “Fearless” e “You Belong With Me” —esta última o primeiro grande sucesso da cantora, de 2008.
Foi com a música que a cantora gerou a maior euforia na plateia durante a segunda parte do show, em que apresentou três músicas do seu segundo álbum de estúdio “Fearless”, vencedor do Grammy de melhor álbum do ano em 2010, quando a cantora tinha 20 anos.
Foram poucos anos depois que Maria Eduarda de Melo, carioca de 18 anos e estudante de curso militar, passou a acompanhar a cantora. “Minha primeira memória com ela foi a professora de inglês botando música na aula, e eu me apaixonei”, lembra a fã, em estado de euforia.
“Me identifico com as músicas e com a melodia, especialmente do ‘Red’. Minha ficha ainda não caiu. Estava ansiosa, com medo do ingresso não passar, mesmo sem motivo. Não consegui comprar em nenhuma venda no site oficial, e agarrei a oportunidade de comprar com a amiga de uma amiga.”
O público jovem da cantora —a maioria dos seus fãs— também foi representado por Lucas Carmin, 27, professor de Literatura. Seus álbuns preferidos são o “Folklore” e o “Evermore”, os quais caracteriza como “liricamente perfeitos”. Ambos foram lançados durante a pandemia e têm as letras mais complexas da carreira da americana. O “Folklore” foi a terceira conquista da cantora na categoria de álbum do ano.
Natural de Belém e morador de Recife, Lucas não conseguiu encontrar uma passagem de volta de avião por um valor acessível, e optou por voltar para casa de ônibus, em uma viagem de 38 horas.
“Já avisei no trabalho que só chego na terça-feira. É por uma boa causa”, diz o fã da cantora.
Antes do show, a busca por lugares bons poderia ter o potencial de causar confusões na plateia. Não foi o caso na “Eras Tour”. Sob o calor e debaixo das cangas, os fãs compartilhavam pulseiras da amizade —referenciadas pela cantora na letra de “You’re On Your On, Kid” e que se tornaram regra dos shows após o lançamento da música em que ela reflete sobre o impacto da fama na sua vida pessoal.
A dentista de 23 anos, Mariana Brito, foi uma das que aproveitou a fila para fazer amizade na fila. Ela viajou de Salvador para assistir ao primeiro show da cantora em passagem pelo Brasil. Fã de Taylor Swift desde 2009, ela chegou à fila da pista às 10h30, caracterizada da era “Reputation”.