Manifestantes vão às ruas pelo país em atos do 7 de Setembro

Equipe Folha de S. Paulo

Principal estrela das manifestações de raiz golpista convocadas para 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro chega politicamente isolado ao feriado da Independência e precisando projetar força após sucessivas notícias negativas para o governo.

Nesse quadro, os protestos se converteram na oportunidade para Bolsonaro tentar mostrar que ainda consegue mobilizar as ruas. Brasília e São Paulo, palco de atos onde o presidente deve discursar, montaram esquemas especiais de segurança. Na capital federal, porém, bolsonaristas romperam bloqueio da PM e invadiram a Esplanada dos Ministérios na noite desta segunda-feira (6).

Policiais da elite da Polícia Civil de São Paulo reforçam segurança do 78º distrito, próximo à avenida Paulista. Outras unidades também recebem reforço. (Rogério Pagnan)

  • Segurança reforçada no 78º distrito, próximo à avenida Paulista – Rogério Pagnan/Folhapress

    Com vaias e palavras de ordem, manifestantes bolsonaristas pedem saída de Pacheco

    O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), virou alvo de Tomé Abduch, líder do movimento Nas Ruas, uma das abelhas-rainhas do ato a favor do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo.

    Abduch sugeriu puxar um coro de “fora, Pacheco” e disse que ele estava parecendo o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, um desafeto declarado de Bolsonaro.

    Pacheco vem sendo um empecilho para pautas bolsonaristas no Congresso. A multidão o vaiou ao ser provocada pelo ativista, que falou no trio onde o pastor Silas Malafaia falou pouco antes. Abduch saudou o “povo cristão” que compareceu no protesto. (Anna Virginia Balloussier).

  • Manifestantes pró e contra Bolsonaram trocam provocações após fim de protesto

    Manifestantes pró e anti-Bolsonaro trocaram provocações na tarde desta terça-feira (7), em Brasília.

    Os apoiadores do governo e um pequeno grupo de pessoas que participou mais cedo de um protesto organizado pela esquerda começaram a se desentender próximo a Torre de TV.

    Os manifestantes que apoiam o governo gritam palavras como “Lula ladrão” e “vai para Cuba” e são respondidos com “Fora Bolsonaro, fora genocida”.

    A Polícia Militar criou uma barreira para evitar confrontos físicos e por diversas vezes precisou conter os manifestantes. (Washington Luiz).

    Mourão participa de protesto ao lado de Bolsonaro e, no Twitter, fala em ‘respeito ao povo’

    O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), participou da manifestação de raiz golpista do 7 de Setembro ao lado de Jair Bolsonaro em Brasília, nesta terça-feira, (7), e falou sobre “legado de liberdade” e respeito ao povo, nas redes sociais.

    A “liberdade” é uma das narrativas do bolsonarismo para os protestos deste feriado. Apesar do mote, o presidente disse em seu discurso, mais uma vez, sobre um “ultimato” aos demais Poderes, e faixas pediam “intervenção militar” e “fora, STF”.

    “Em 7 Set 1822, o Brasil declarou sua Independência e cresce a cada dia, cuidando do seu bem maior: o brasileiro. Somos um país jovem e uma democracia plena, fruto das lutas dos nossos antepassados. Sigamos em frente, honrando o legado de liberdade e respeitando nosso povo”, escreveu Mourão no Twitter.

    O vice-presidente surpreendeu ao participar do protesto, porque havia sinalizado a interlocutores que não iria. Ele esteve também, mais cedo, na solenidade do hasteamento da bandeira no Palácio do Alvorada.

    Mourão tem uma relação instável com Bolsonaro e já foi chamado recentemente de “cunhado” pelo presidente. Já é dado como certo que não estará na chapa para disputar a reeleição em 2022. Portanto, tem sido cotado para o Senado ou mesmo governo do Estado do Rio. (Marianna Holanda).

    A imprensa foi o alvo preferencial, seguida do STF (Supremo Tribunal Federal), nas falas de aliados evangélicos no ato pró-Jair Bolsonaro em São Paulo.

    O pastor Silas Malafaia levou ao trio elétrico Demolidor, no começo da tarde, uma crítica à Rede Globo, que tratou como “Globo Lixo”.

    “Supremo é o povo”, disse o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP), que engrossou o bloco de pastores que saiu de um hotel próximo à avenida Paulista até o ato.

    Feliciano disse que mandaria um recado ao que chamou de “extrema imprensa”: “O choro é livre, o desespero é livre, o Brasil está em plena liberdade”.

    O ex-senador Magno Malta, também pastor, disse que passaria um recado ao presidente do STF, Luiz Fux. Puxou um coro de “Constituição” para, repetindo o corolário bolsonarista, dizer que a resposta para os ministros do Supremo viria dali.

    “Nós dormimos num pesadelo vermelho e acordamos num sonho verde e amarelo”, disse em sua vez Tomé Abduch, líder do movimento Nas Ruas. Ele disse que, depois do “período militar”, o Brasil ficou insustentável. Citou os ex-presidentes FHC, Lula e Dilma. (Anna Virginia Balloussier).

    Terminou às 12h no centro do Rio o ato que reuniu manifestantes contrários ao presidente Bolsonaro (sem partido).

    Após concentração na rua Uruguaiana, os manifestantes seguiram às 11h em direção à Praça Mauá. No trajeto, eles chamaram o presidente de genocida e entoaram gritos de fora Bolsonaro.

    Quando o ato chegou à Praça Mauá, representantes de movimentos sociais e de partidos de esquerda, como PT e PCO, subiram em um trio elétrico para discursar contra o mandatário.

    Embora a maioria usasse máscara, os manifestantes se aglomeraram em diversos pontos.

    Segundo os organizadores, o ato reuniu 25 mil pessoas. A PM ainda não divulgou números. Pelo menos 20 policiais acompanharam a manifestação.
    (Matheus Rocha).

    O governador de São Paulo, João Doria, defende que o seu partido, o PSDB, deve apoiar um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A sigla irá se reunir nesta quarta (8) para discutir o caso.

    “Nossa posição em São Paulo é de que o PSDB deve ser oposição ao governo e apoiar o impeachment”, afirmou à Folha o tucano. Os tucanos consideram “gravíssimas” as declarações golpistas de Bolsonaro no ato do 7 de Setembro em Brasília.

    Doria é o principal rival estadual do presidente e disputa as prévias do PSDB com Eduardo Leite (RS) para ser o candidato do partido ao Planalto em 2022. Há expectativa sobre o grau de agressividade do discurso que Bolsonaro pretende fazer às 16h na concentração de seus apoiadores na avenida Paulista. (Igor Gielow).

    O presidente do PSDB, Bruno Araújo, convocou uma reunião para discutir a realização de um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido). Para o tucano, as declarações dadas pelo presidente no ato em Brasília são “gravíssimas” e a sigla precisa se posicionar sobre pedir o impedimento e outras medidas legais.

    Bolsonaro insinuou que pretende convocar um estado de sítio ao dizer que convocaria o Conselho da República. A reunião vem em um momento no qual o PSDB está rachado, com a maior parte da bancada na Câmara com uma posição de apoio tácito ao bolsonarismo. Para aliados do governador João Doria (SP), que disputa a prévia do partido com Eduardo Leite (RS) para tentar ser o candidato a presidente em 2022, a posição na Câmara é influenciada pelo deputado Aécio Neves (MG) -que nega ser bolsonarista. (Igor Gielow)

    Bolsonaro fala em reunião com Poderes nesta quarta, mas Fux, Pacheco e Lira dizem desconhecê-la

    Os presidentes do STF, da Câmara e do Senado desconhecem a reunião citada por Jair Bolsonaro em discurso nesta terça (7) na Esplanada dos Ministérios.

    A apoiadores, durante uma fala com ameaças golpistas ao Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro disse que haverá um encontro entre os chefes de Poderes nesta quarta.

    Fabrício Queiroz faz publicação em apoio às manifestações bolsonaristas

    “Amanhã estarei no conselho da República juntamente com ministros para nós, juntamente com presidente da Câmara, Senado e do Supremo Tribunal Federal, com esta fotografia de vocês, mostrar para onde nós todos devemos ir”. Bolsonaro não deu mais detalhes.

    Procuradas pela Folha, as assessorias de Luiz Fux, que preside o Supremo, de Rodrigo Pacheco (MDB-MG), que dirige o Senado, e de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, disseram que não há previsão de reunião com Bolsonaro. Desconhecem qualquer convite neste sentido até agora. (Marianna Holanda, Renato Machado e Danielle Brant)

  • Fabrício Queiroz publica foto em apoio às manifestações bolsonaristas

    Fabrício Queiroz, apontado como operador financeiro do esquema de ‘rachadinha’ no gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), publicou uma foto em apoio às manifestações com teor golpista convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

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