Evandro Éboli e Jussara Soares
BRASÍLIA — Na live da noite desta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu que o conteúdo da declaração à nação, que divulgou mais cedo, contrariou seus aliados, mas afirmou não ver “nada demais” no texto, um recuo diante de sua postura agressiva às instituições nas últimas semanas e nos discursos do 7 de Setembro. Bolsonaro disse que acredita que vai recuperar a confiança de seus apoiadores em dois ou três dias.
— Fiz uma nota hoje que muita gente me criticou, que eu devia fazer isso e aquilo. Sou o chefe da nação e estou com o povo, onde o povo estiver. Eu estarei mais confortável se ficar no Alvorada, na minha casa, cuidar da minha vida e abandonar o povo. É comum político agir assim, ficar longe do povo. Tem cobrança, justas e outras não, que querem que eu tome medidas imediatas — disse Bolsonaro.
E pediu a seus aliados para “darem um tempo”, que logo reconquistará a confiança deles.
— Dá dois ou três dias para a gente. Dá um tempo.
E apresentou dados positivos nos indicadores financeiros após o anúncio da sua mensagem ao país.
— Você quer gasolina mais barata, não quer? Gás. É tudo indexado. Às 3 horas (15h) publicamos a nota e a bolsa subiu 2%, 2.800 pontos e o dólar caiu 2%. Espero que continue caindo amanhã. Queriam que eu respondesse ao Fux, que fez um duro discurso. O Lira fez, o Aras fez e alguns do meu lado vieram com discurso pronto, dizendo ‘você tem que reagir, tem que bater amanhã — disse Bolsonaro, que reafirmou ser necessário dar um tempo, deixar acalmar um pouco.
E contou sobre a ideia da nota e o convite a Michel Temer.
— Comecei a preparar uma nota. Liguei ontem à noite para o Temer e ele veio hoje aqui. Conversamos por uma hora, duas vezes. Ele colaborou com algumas coisas na nota e eu concordei e publiquei. Não tem nada demais ali. Dei resposta de que estou pronto para conversar sobre os problemas que tenha, com o Lira, o Pacheco, o Fux, o Barroso, que me deu um cacete – completou o presidente, que, no final voltou a criticar as urnas eletrônicas e o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.