Professor pergunta se aluna prefere ser estuprada ‘no seco’ ou com lubrificante

Questionamento ocorreu durante aula de medicina de faculdade particular em Belém

Vídeo que circula nas redes sociais mostra professor questionando aluna se ‘quando for estuprada vai ser no seco’ durante aula no Pará – Reprodução/Twitter

JOSÉ MATHEUS SANTOS
FOLHA DE S. PAULO
RECIFE

A Polícia Civil do Pará abriu uma investigação contra um professor de medicina após ele ter perguntado a uma estudante durante uma aula se ela preferia ser estuprada com lubrificante ou “no seco”.

O caso aconteceu no último dia 17 durante uma aula do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz)em Belém, capital do estado. A fala foi filmada por outra pessoa presente na sala.

As imagens viralizaram nas redes sociais na manhã da quinta-feira (25) e mostram inicialmente o professor ensinando as alunas a fazerem um procedimento de intubação utilizando um boneco, em uma simulação do que ocorre com seres humanos.

No momento em que a simulação ocorre, o professor pergunta a uma estudante se ela havia lubrificado o tubo usado para o procedimento médico. Ao receber resposta negativa, o educador alterou o tom de voz e proferiu a fala com apologia ao estupro.

“Quero ver se quando a senhora for estuprada vai querer levar o KY [marca de gel lubrificante íntimo] para facilitar a vida ou vai preferir no seco mesmo”, afirma.

O caso foi denunciado na Polícia Civil do Pará. A investigação mira uma possível importunação sexual e está a cargo da Divisão Especializada no Atendimento à Mulher da corporação.

As falas do professor geraram revolta em acadêmicos, estudantes e nas redes sociais. Na sexta (26), estudantes e diversas mulheres realizaram uma manifestação contra apologias ao estupro em frente à faculdade privada.

Em nota, o Unifamaz disse que adotou providências cabíveis e procedimentos internos para apurar os fatos através do Comitê de Ética Disciplinar.

“O Unifamaz reafirma seu compromisso com o ensino de qualidade, pautados no respeito humano e na integridade pessoal. Dessa forma, repudia veemente qualquer prática inadequada na relação acadêmica professor-aluno”, diz o comunicado. A instituição de ensino não informou se o professor foi ou será afastado da função.

Ainda na sexta, o Conselho Regional de Medicina do Pará informou que abriu um procedimento administrativo para investigar a conduta do professor.

Estudantes da faculdade criaram ainda um movimento coletivo para acompanhar o andamento da investigação policial e das apurações internas sobre o caso.

A reportagem não conseguiu contato com o Ministério Público do Pará (MPPA) e nem com o professor, que não teve seu nome divulgado.

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