Ômicron leva mundo a bater recorde diário de casos de Covid, mas número de mortes continua no patamar de outubro

Homem faz teste de swab para a Covid-19 em Manhattan Foto: JEENAH MOON / REUTERS
Homem faz teste de swab para a Covid-19 em Manhattan Foto: JEENAH MOON / REUTERS

 

Jinshan Hong, da Bloomberg/O Globo
Os casos mundiais da Covid-19 alcançaram um recorde diário nesta segunda-feira, surgindo como uma ameaça em meio aos festejos de fim de ano, um ano após o lançamento das vacinas e dois anos após o surgimento do vírus que muitos esperavam que fosse desaparecer.

As mais de 1,44 milhão de infecções em todo o mundo bateram o recorde anterior se for excluído um único dia de dezembro de 2020, quando a Turquia fez um ajuste em que somou 800 mil casos antes não contabilizados. Um indicador mais conservador — a média móvel de sete dias, que compensa pontos fora da curva e feriados — também está em seu ponto mais alto, devido à onda de infecções pela variante Ômicron.

Altamente modificada em relação à cepa original e ainda mais transmissível, a Ômicron está rapidamente se tornando a variante dominante globalmente, pois consegue escapas da imunidade normalmente fornecida por vacinas e infecções anteriores. A média móvel de casos na segunda-feira foi de cerca de 841 mil por dia, um salto de 49% em relação a um mês antes, quando a Ômicron foi identificado pela primeira vez na África do Sul.

Estudos sugerem que, embora a Ômicron infecte 70 vezes mais rápido do que as cepas anteriores, a doença que ela causa pode não ser tão grave, especialmente para pessoas que foram vacinadas e receberam uma dose de reforço. A facilidade de transmissão e o número crescente de casos mesmo assim podem sobrecarregar os hospitais em todo o mundo, deixando em apuros os não vacinados e qualquer pessoa que precise de outros cuidados médicos.

Os governos já estão alertando que as infecções e hospitalizações podem disparar após os feriados de Natal e Ano Novo, projetando um tom sombrio enquanto o mundo caminha para o terceiro ano da pandemia.

O lado bom é que as mortes diárias provocadas pela Covid não aumentaram significativamente. Apesar do surgimento da Ômicron, a média móvel de sete dias dos óbitos paira em cerca de 7 mil desde meados de outubro, após cair de um pico impulsionado pelo Delta.

Em termos de previsão para 2022, ainda não se sabe se o número de mortos vai seguir o de casos e aumentará nos próximos dias, ou então se a onda provocada pela Ômicron se mostrará branda à medida que mais dados do mundo real surgem.

Melhores ferramentas de vigilância epidemiológica podem explicar parte do aumento na contagem de casos. Mais infecções estão sendo descobertas durante esta onda de Ômicron graças ao rastreamento de contatos aprimorado e ao aumento da testagem na luta mundial contra o patógeno.

O grande número de casos registrados está aumentando a pressão sobre as autoridades de saúde pública para reavaliarem suas políticas de controle da Covid. Os EUA reduziram o tempo de isolamento recomendado para pessoas que tiveram teste positivo para Covid-19, permitindo que retornem ao trabalho mais cedo.

A medida pode ajudar a reduzir interrupções em larga escala que poderiam fechar escolas ou atrapalhar as cadeias de suprimentos.

A chegada da Ômicron alterou a caminhada rumo à volta à vida normal que marcou grande parte de 2021. A relutância em retornar às quarentenas pré-vacinas e outras restrições pode estar permitindo que o vírus se espalhe mais amplamente, embora também esteja proporcionando a algumas pessoas um período de descanso mais tradicional, junto com as famílias e amigos, depois de um triste ano de 2020, antes que as vacinas estivessem amplamente disponíveis.

 

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