Veja em 6 gráficos quais são os países que mais poluem
Em segundo lugar estão os Estados Unidos, com 6,02 Gt –menos que a metade das emissões chinesas. Por outro lado, na série histórica desde 1750 os EUA são, de longe, os maiores emissores desses gases.
disso, há 6 anos, a Índia ultrapassou a União Europeia como terceira maior emissora de gases de efeito estufa do mundo. A primeira, hoje, libera 3,94 Gt de GEE na atmosfera, contra 3,59 Gt da segunda.
O Brasil, por sua vez, emitiu em 2022 1,31 Gt, alcançando o sexto lugar na lista de maiores poluidores.
Por outro lado, quando se compara o volume total de emissões dos maiores poluidores com o tamanho de suas populações, a China é apenas a quinta maior emissora, atrás de Arábia Saudita, Rússia, Estados Unidos e Irã.
Entre os 11 maiores poluidores, a Índia, por sua vez, com 1,4 bilhão de habitantes, é a que tem menor emissões per capita –2,79 toneladas por pessoa. Em comparação, o Brasil emite 6,05 toneladas por pessoa.
Os maiores poluidores per capita, porém, não são aqueles com maior volume de emissões. Dos 11 que mais emitem, apenas a Arábia Saudita está na lista dos dez com maiores emissões per capita. Geralmente, esses países têm populações pequenas, mas são líderes em atividades poluentes, como a extração de petróleo –dos dez maiores, por exemplo, cinco estão entre os principais produtores de petróleo do mundo.
Esses valores são medidos a partir de uma equivalência de todos os gases de efeito estufa em CO2. Nesse cálculo, cientistas multiplicam as emissões de um gás pelo número de vezes em que ele é mais potencial ao aquecimento global do que o gás carbônico. O potencial de aquecimento global do gás metano, por exemplo, é 27 vezes maior do que o potencial do CO2, então o CO2 equivalente do metano é igual a 27.
No Acordo de Paris, firmado em 2015, os países se comprometeram a reduzir suas emissões de carbono, sendo que cada um apresentou suas metas para 2030. Essas metas são atualizadas a cada cinco anos, e os inventários de cada país, com os números de emissões, precisam ser divulgados a cada quatro —os países desenvolvidos apresentam todos os anos.
Desde 2014, todos os países têm a obrigação de apresentar relatórios bienais que também contemplam suas emissões, apesar de serem menos complexos que os inventários.
Cada país é responsável por medir seus valores. Alguns países dependem de dados autopreenchidos por empresas e indústrias, enquanto outros utilizam tecnologia de satélite para rastrear as emissões em tempo real.
Aqueles países que dependem de autopreenchimento relatam suas emissões por meio de estimativas. Nesse formato, as emissões nacionais são estimadas a partir de médias de quanto aquela atividade emite de gases de efeito estufa. Assim, o saldo final se dá pela relação entre a média de emissões e o volume da produção.
Essas metodologias são feitas pelo IPCC, ainda que haja diferentes diretrizes. “[O saldo das emissões] vai depender da capacidade técnica de medição e da reunião de dados de cada país”, explica Felipe Barcellos, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente.
“Cada base tem uma metodologia e pode usar a fonte de dados primários diferente. Tudo depende de onde se tira os números. No Brasil, por exemplo, se usarmos a base de uso de eletricidade da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) dá uma coisa e se usarmos do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) dá outra”, acrescenta.
Justamente devido a essas divergências especialistas apontam ser difícil acreditar exatamente no saldo das emissões divulgado por cada país, ainda que a posição de cada país no ranking tende a ser confiável.
“Com isso, muitas instituições sofisticam esses dados, avaliando sua credibilidade, a partir da renda do país e do nível de democracia nele”, diz Eduardo Viola, professor de relações internacionais do Instituto de Estudos Avançados da USP e da FGV. O segundo critério é crucial porque países governados por regimes autoritários têm mais chances de adulterar seus saldos.
Além disso, como os países não precisam reportar seus saldos anualmente, os levantamentos feitos por institutos e organizações acabam sendo mais atualizados. No exemplo abaixo, a Folha utilizou o banco de dados Climate Watch, plataforma online consultada por especialistas para comparar a variação das emissões por países. A União Europeia também faz isso, mas seus números são divididos por intervalos de cinco anos, o que prejudica a visibilidade das curvas.