Sob comando de Sérgio de Paula, PSDB quer se tornar gigante em 2022
Comando tucano trabalha para eleger Eduardo Riedel governador, Reinaldo senador, quatro deputados federais e pelo menos metade das cadeiras da Assembleia Legislativa
Jota Menon
Um projeto que, à primeira vista, pode parecer um tanto exagerado, vem sendo gestado pelo alto comando do Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB – e tenciona parir no final da tarde de 2 de outubro de 2022 o maior resultado eleitoral já obtido por um partido em toda a história de Mato Grosso do Sul.
Sob o comando de Sérgio de Paula, presidente regional do PSDB, ninguém esconde o projeto tucano de sair da próxima eleição com proporções gigantescas representadas pela eleição do futuro governador do Estado, pela ocupação da cadeira de senador da república, hoje sob a titularidade de Simone Tebet (MDB), e com resultados jamais vistos na eleição para a Câmara Federal e à Assembleia Legislativa.
No tabuleiro que vem sendo cuidadosamente montado por Sérgio de Paula, há apenas uma dúvida a ser sanada no decorrer dos próximos meses, a que se refere a quem estará no comando do Poder Executivo Estadual durante a campanha eleitoral de 2022: se Murilo Zauith (DEM), atual vice-governador, se Paulo Corrêa (PSDB), atual presidente da Assembleia Legislativa ou uma terceira opção, caso ambos optem por disputar a próxima eleição.
O que é certo, porém, é que Sérgio de Paula já tem escalado os dois principais jogadores do time, o governador Reinaldo Azambuja, que deverá renunciar ao mandato no início de abril do ano que vem – logo, em menos de um ano – para ser candidato a senador e o atual secretário de estado de Infraestrutura, Eduardo Riedel, que deverá se desincompatibilizar do cargo para se tornar candidato a governador.
Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja serão os grandes líderes da coligação encabeçada pelo PSDB que buscará dar continuidade ao governo tucano iniciado em janeiro de 2015 e que vem sendo apontado como exemplar para todo o país, haja vista que, enquanto muitos entes federados padecem pela crise financeira, Mato Grosso do Sul passa incólume por ela a ponto de o Governo do Estado se dar ao luxo de lançar um programa social sem similar no país, o Mais Social, que vai beneficiar cerca de 100 mil sul-mato-grossenses com um programa estadual de renda mínima.
Aliás, nos meios políticos, em especial no âmbito dos partidos que dificilmente caminharão ao lado dos tucanos, a gritaria já começou. Adversários de Reinaldo têm afirmado que o programa, embora importante e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa, acabará se tornando o seu grande cabo eleitoral na busca pela única vaga de senador da República em disputa no próximo pleito.
Diante do bom desempenho do governo e do programa Mais Social que entra em execução imediatamente, o plano de Sérgio de Paula de fazer cabelo, barba e bigode no pleito eleitoral de outubro do próximo ano deixa de parecer megalomaníaco e passa ser visto como plenamente plausível.
CÂMARA FEDERAL – Enquanto os dirigentes da maioria dos partidos correm atrás de potenciais candidatos para completar suas chapas proporcionais – as de candidatos a deputados federais e deputados estaduais -, o PSDB precisa fazer uma espécie de seleção, mas agindo com muita cautela, pois aos escolher aqueles que considera em melhores condições para a disputa, não pode melindrar nomes bons de votos que poderão ficar fora por “excesso de contingente”.
Se for mantida a atual legislação vigente que, pela primeira vez, proibirá coligações proporcionais nas eleições nacionais, cada partido terá de lançar chapa para concorrer às oito vagas de Mato Grosso do Sul na Câmara dos Deputados.
Nesse cenário, o PSDB, certamente, será o único partido que não enfrentará problemas para preencher o chapão e seus dirigentes não perderão o sono fazendo contas sobre como atingir o coeficiente eleitoral mínimo, aquele número mágico que garante ao partido eleger seu primeiro deputado e a partir daí sonhar com o segundo, terceiro e daí por diante.
Na eleição de 2018, nenhum dos oito deputados federais eleitos de Mato Grosso do Sul conseguiu chegar à Câmara dos Deputados com a própria votação, sendo necessário contabilizar o total de votos das legendas e coligações a fim de atingir o coeficiente eleitoral – número mínimo para se garantir uma das vagas. Naquela eleição, cada vaga na Câmara demandou um pouco mais de 155 mil votos, número que deverá ser mantido para a eleição de 2022, podendo ser um pouco mais ou um pouco menos.
Com nomes de peso como Rose Modesto, Beto Pereira, Geraldo Resende e Bia Cavassa, entre os detentores de mandato e várias lideranças pelo Estado sonhando chegar à Câmara Federal, os tucanos ainda podem ser beneficiados pela possibilidade de partidos tradicionais não fazerem representantes.
O PDT, por exemplo, tem na figura do deputado federal Dagoberto Nogueira um vencedor de eleições, mas, neste pleito, ele terá de viabilizar uma chapa capaz de somar entre 150 mil e 160 mil votos para garantir uma legenda.
Na eleição passada, o MDB, com toda sua tradição, não conseguiu atingir o número mínimo de votos e pela primeira vez, desde a criação de Mato Grosso do Sul, ficou sem um representante na Câmara Federal.
O DEM, da deputada federal licenciada Tereza Cristina, atual ministra da Agricultura, é outro partido que sempre dependeu de coligações para eleger seus representantes. Para concorrer sem coligação, mantida a atual legislação, vai encontrar muita dificuldade para montar uma chapa.
Mesmo o Partido dos Trabalhadores – PT – de tanta tradição, pode ter problemas para atingir o coeficiente e manter Vander Loubet em Brasília, onde ele cumpre o quinto mandato consecutivo. Sua vida ficará mais fácil se Lula mantiver os direitos políticos e for candidato a presidente da República, pois, aí a candidatura de Zeca do PT ganha um super fôlego e a candidatura à reeleição de Vander Loubet uma super sobrevida.
Outra legenda que terá de espernear para atingir os 150 mil a 160 mil votos é o PSL de Luiz Ovando e Tio Trutis. Sem coligação e com o desgaste natural do exercício do primeiro mandato, a dupla bolsonarista pode enfrentar problemas para encontrar “cabos eleitorais de luxo” para integrarem a chapa que terá eles como expoentes e potenciais candidatos à reeleição.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – Com cinco deputados estaduais, o PSDB tem a maior bancada da Assembleia Legislativa. Liderados pelo presidente da Casa, deputado Paulo Corrêa, os tucanos ainda contam com os deputados estaduais Marçal Filho, Mara Caseiro, Professor Rinaldo e Felipe Orro.
A meta de Sérgio de Paula é acrescer mais sete deputados estaduais a essa bancada, fazendo com que o PSDB repita um fato que só aconteceu em 1982 quando PMDB e PDS elegeram 12 deputados estaduais cada um.
No caso da eleição do ano que vem, contudo, a diferença é que se os tucanos conseguirem a meta de ficar com 50% das cadeiras da Alems, as demais 12 cadeiras deverão ser distribuídas entre os outros partidos que atingirem o coeficiente eleitoral, ao contrário de 1982 quando apenas dois partidos conseguiram atingir o mínimo de votos para eleger representantes.
Quanto à eleição para a Assembleia Legislativa em 2018, apenas o candidato Capitão Contar (PSL) conseguiu se “eleger sozinho”, ou seja, fez mais votos do que o coeficiente eleitoral. Com 78.390 votos ele obteve 6,11% dos votos válidos, sendo seguido pelo colega de partido Coronel David que atingiu 45.903 voto, mas não chegou ao coeficiente eleitoral que foi de aproximadamente 55 mil votos.
No “time” de puxadores de votos para a Assembleia Legislativa, o PSDB aposta no nome do professor Édio Antônio Rezende de Castro, atual subsecretário de estado de Educação. Na cúpula tucana ele é visto como virtual deputado estadual mais votado no próximo pleito, devendo ter votos em todos os 79 municípios sul-mato-grossenses. Outros dois nomes apontados como bons de votos são os de Carlos Alberto Assis, que goza de muito prestígio no alto comando do tucanato, e de Pedro Caravina, ex-prefeito de Bataguassu, hoje auxiliar direto na Secretaria de Infraestrutura do virtual candidato a governador do PSDB, Eduardo Riedel.