BRASÍLIA – O Ministério da Saúde confirmou ontem, 30, o recebimento de quase 7 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 e anunciou que mais 4 milhões chegarão no fim de semana. Do que já foi recebido, são 6,5 milhões da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produz o imunizante da AstraZeneca no país, e 420 mil do Instituto Butatan, que faz a CoronaVac.

As doses que vão chegar no fim de semana são da AstraZeneca, mas não foram produzidas pela Fiocruz. Elas fazem parte da Covax Facility, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Serão 220 mil no sábado, e 3,8 milhões em dois voos diferentes no domingo.

 

Os números foram apresentados em pronunciamento ocorrido no Ministério da Saúde com participação do ministro, Marcelo Queiroga, e outros integrantes da pasta. Também foi anunciado que o primeiro lote com 1 milhão de doses de vacinas da Pfizer, que chegou ao Brasil na quinta-feira, será distribuído entre as 27 capitais na segunda-feira. A remessa faz parte de um acordo que prevê a entrega de 100 milhões de doses do imunizante ao Brasil.

Segundo Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, as 6,5 milhões de doses da AstraZeneca são o maior lote entregue até o momento pelo órgão.

Kit intubação

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Otávio Moreira da Cruz, disse que há uma negociação para aquisição de 7 milhões de medicamentos do “kit intubação”, e a expectativa é que o anúncio seja feito na semana que vem. Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da da Saúde (Opas), disse que há tratativas com outro país-membro para fornecer medicamentos que poderiam suprir as necessidades do Brasil por quase duas semanas.

O ministro Marcelo Queiroga reconheceu que houve dificuldades no fornecimento dos remédios, mas que a situação está melhor agora. Ele inclusive elogiou o governo de São Paulo, por também ter adquirido esses produtos. O estado é administrado pelo governador João Doria (PSDB), um ex-aliado que se tornou adversário político do presidente Jair Bolsonaro.

— Os kits de intubação, com medicamentos sedativos, anestésicos, bloqueadores neuromusculares, tivemos muita dificuldade, mas em razão da diminuição dos casos, e das ações do Ministério da Saúde, houve uma maior tranquilidade em relação aos insumos — disse o ministro.

Por outro lado, Queiroga disse que não é momento de relaxar:

— Nós sabemos que ainda temos um ambiente epidemiológico grave, com muitos óbitos, mas já há uma tendência de queda, o que tem diminuído a pressão sobre o nosso sistema de saúde. Mas a mensagem é que nós não podemos relaxar. Não só em relação à assistência, como também em relação às medidas não farmacológicas. Eu tenho reiterado desde o primeiro dia em que assumi o ministério sobre o uso das máscaras, a higiene das mãos e o distanciamento social.

Carlos Carvalho, professor da Universidade de São Paulo (USP), que coordena no Ministério da Saúde um núcleo que define protocolos de tratamento à Covid-19, falou sobre um serviço de ensino à distância para preparar profissionais de saúde em UTIs.

— Estamos já finalizando. Acredito que será implantado em maio o serviço de teleatendimento no ambiente da UTI. Tem duas partes. Uma parte inicial de treinamento e capacitação da equipe de hospitais que estão atendendo na ponta. Temos um curso em EaD (ensino à distância) para que médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e fisioterapeutas vão ser treinados. A após o treinamento, que vai se iniciar em dois hospitais de duas cidades do interior do Brasil, a partir daí começaremos a passar visitas, discussões diárias para apoiar a assistência que esses profissionais vão estar fazendo para a população — disse Carvalho.