Integrantes do Patriota vão ao TSE contra ‘manobras’ do presidente da sigla para filiação de Bolsonaro

Após filiação de Flávio Bolsonaro, secretário-geral do Patriota diz que houve um “assalto ao partido”

O presidente Jair Bolsonaro 31/05/2021 Foto: Marcos Correa / DivulgaçaoO presidente Jair Bolsonaro 31/05/2021 Foto: Marcos Correa / Divulgação

 

Jussara Soares e Mariana Muniz

O GLOBO

BRASÍLIA — A convenção nacional do Patriota, no qual foi anunciada nesta segunda-feira a filiação do senador Flávio Bolsonaro e pode abrir caminho para o ingresso do presidente Jair Bolsonaro, está sendo alvo de contestação na Justiça Eleitoral. Integrantes da sigla afirmam terem sido surpreendidos com a presença de Flávio, anunciado como líder da sigla no Senado.  Eles ainda acusam o presidente do Patriota, Adilson Barroso, de ter cometido uma série de irregularidades para obter a maioria, fazer mudança no Estatuto e favorecer a entrada do grupo de Bolsonaro.

— Não sabíamos da filiação do Flávio. Ele (Barroso) votou um monte de mudanças no Estatuto que não foram discutidas com ninguém. Quer dizer, foi um assalto ao partido —  disse Jorcelino José Braga, secretário-geral do Patriota.

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No domingo, nove membros do Patriota pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para suspender as medidas adotadas pelo presidente da sigla. A ação foi distribuída ao ministro Edson Fachin, que ainda não se manifestou.

 

De acordo com o secretário-geral, Adilson Barroso convocou a convenção sem a assinatura do vice-presidente, Ovasco Resende, que resistia à filiação de Bolsonaro. O presidente da República sempre deixou claro querer o controle da legenda que o abrigará para concorrer a reeleição em 2022.

Em 2018, o Patriota, para cumprir a cláusula de barreira e ter direito ao fundo partidário, anunciou a fusão com o PRP, que era controlado por Resende. Barroso, embora se mantenha na presidência, tem apenas cerca de 30% da sigla, enquanto Resende domina 50%. Os cerca de 20% restante estão nas mãos de parlamentares.

Barroso convocou a convenção nacional na última quarta-feira para ser realizada presencialmente no município de Barrinha, o interior de São Paulo, e transmitida pela internet. A medida também é alvo de que questionamento.

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—  Desde a fusão  com o PRP em 2018, sempre houve as duas assinaturas. Agora, o atual presidente faz uma convocação assinando sozinho com apenas três dias (úteis) para fazer uma convenção nacional no interior de São Paulo —  disse Braga.

O secretário ainda acusa o presidente de Patriota de ter feito mudanças na executiva para ter a maioria na legenda. Das 49 membros com direitos à voto,  Barrososo tinha apenas 20 delegados, enquanto os demais grupos somavam 29.

Na semana passada, segundo o argumento do secretário-geral, o presidente do Patriota destituiu  sozinho quatro delegados, incluindo o vice-presidente, e substituiu por nomes favoráveis a ele. Em outra ação, substituiu um delegado que morreu vítima da Covid-19 sem passar por uma convenção nacional. A manobra, ainda segundo o grupo contrário a Barroso, incluiu a criação de mais dois cargos com direito à voto.

— Todos os membros que votam foram eleitos em novembro de 2018 com a incorporação do PRP para um mandato de quatro anos, que só encerra no próximo ano.  Substituição de membros só pode ser feito com convenção nacional, mas como ele (Barroso) é o único que tenha a senha do TSE destituiu os membros e nomear a favor dele —  disse Braga.

Segundo o secretário, os demais membros do Patriota nunca disseram não à filiação de Bolsonaro, mas exigiam que fossem consultados. Barros afirma que os parlamentares do Patriota exigiam apenas uma conversa para saber as reais condições do projeto de Bolsonaro.

—  Barroso tomou uma decisão unilateral e de uma forma totalmente errada, que tornam essa convecção nula e nós vamos tomar todas as medidas cabíveis para apurar esses atos.  Ele construiu uma maioria ilegal.

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