Depois de 25 anos, Manuela D’Ávila deixa o PCdoB
Com 43 anos, a jornalista iniciou a carreira política pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1999. No ano seguinte, se filiou ao PCdoB. Pelo partido, se tornou a vereadora mais jovem a ser eleita em Porto Alegre em 2004, aos 23 anos
Depois de 25 anos filiada ao PCdoB de Porto Alegre, a ex-deputada federal Manuela d’Ávila deixa o partido. A decisão foi tomada por conta de “incompatibilidade ideológica”. Ela afirmou que de tornou uma mulher sem partido “por falta de opção, por falta de condições de qual caminho seguir”. “Esta é a minha reflexão individual e coletiva daqueles que militam comigo”, argumentou.
“Toda vez que a gente abre uma mesa sobre como avançar na esquerda, a gente escuta: ‘Estão ajudando o Bolsonaro’. Eu não estou”, criticou. Jornalista e proprietária da D’Ávila & Schaidhauer Consultoria e Comunicação, Manuela não tem previsão em se filiar a outro partido. “Quem nós nos tornamos nesse mundo em crise? Nos tornamos defensores de uma certa institucionalidade que nós, originalmente, deveríamos enfrentar”, disse.
O anúncio foi feito no evento O que a Esquerda Deve Fazer para Recuperar o Espaço Perdido?, promovido pelo ICL Notícias em 16 de outubro. “Hoje eu sou uma mulher sem partido, por isso posso criticar todos eles”, declarou, ao responder a pergunta sobre a possibilidade de fundar um partido de esquerda. Também estiveram presentes no debate o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR), a filósofa petista Márcia Tiburi, o sociólogo Jessé de Souza e o historiador Jones Manoel, filiado ao PCB.
Pelo PCdoB, Manuela foi eleita vereadora de Porto Alegre, aos 23 anos, em 2004, se tornando a mais jovem eleita para o cargo. Em 2006, chegou ao Congresso como a deputada mais votada do Brasil, com mais de 270 mil votos, e quebrou o próprio recorde nas eleições seguintes, em 2010, com quase meio milhão de votos. Disputou a prefeitura da capital gaúcha três vezes, na última, em 2020, perdeu para Sebastião Melo (MDB).
No ano em que o ex-militar reformado Jair Bolsonaro e o general da reserva Hamilton Mourão foram eleitos para a presidência, Manuela fez campanha ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficando em segundo lugar.
Fonte: Correio Braziliense