RIO — O Brasil registrou nesta terça-feira 2.798 mortes por Covid-19, um novo recorde em 24h. Isso equivale a quase 2 óbitos por minuto. O país contabiliza 282.400 vidas perdidas para o novo coronavírus desde o começo da pandemia.
O marco ocorre um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro nomear o cardiologista Marcelo Queiroga como o novo ministro da Saúde, o quarto desde a chegada do vírus ao Brasil.
A média móvel de mortes alcançou seu patamar mais alto pelo 18º dia consecutivo: 1.976. O cálculo é 48% maior do que o registrado duas semanas atrás.
Doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Petry avalia que o recorde de mortes é “um absurdo”, mas que pode ser explicado diante da quantidade de pessoas que estariam desdenhando da força da pandemia, além da ineficácia da campanha de imunização do governo.
— Sabemos as razões para essa tragédia: o negacionismo, o ritmo lento de vacinação, a circulação de novas linhagens, entre outros fatores. A ocorrência de novos casos, internações e mortes torna-se inevitável.
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Petry também atribui o alto índice de letalidade ao colapso do sistema de saúde e à exaustão das equipes médicas.
— Vemos filas por leitos, e a cada dia o quadro do paciente vai piorando. Por isso, quando chega À UTI, sua situação está muito grave.
Na avaliação de Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e neurocientista (UFRGS), divulgadora científica pela Rede Análise Covid-19, a redução ou não das mortes depende do engajamento da sociedade.
— Se reduzirmos a mobilidade, os contatos, aderirmos às restrições e às medidas de enfrentamento, ainda veremos números altos por cerca de duas a quatro semanas, muito em função do atraso de notificação. No entanto, serão poucas semanas se comparado a um cenário em de não redução da mobilidade.
Cinco estados bateram, nesta terça, seus recordes de mortes em 24h desde o começo da pandemia:
- São Paulo – 679 óbitos
- Rio Grande do Sul – 501 óbitos
- Paraná – 307 óbitos
- Santa Catarina – 167 óbitos
- Mato Grosso do Sul – 39 óbitos
Desde 20h de segunda-feira, 84.124 novos casos foram notificados pelas secretarias de saúde, totalizando 11.609.601 infectados pelo Sars-CoV-2. A média móvel foi de 69.226 diagnósticos positivos, 22% maior do que o cálculo de 14 dias atrás.
Vinte e quatro estados atualizaram seus dados sobre vacinação contra a Covid-19 nesta terça-feira. Em todo o país, 10.389.077 pessoas receberam a primeira dose de um imunizante, o equivalente a 4,91% da população brasileira. A segunda dose da vacina, por sua vez, foi aplicada em 3.791.197 pessoas, ou 1,79% da população nacional.
Os dados são do consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo e reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h. A iniciativa dos veículos da mídia foi criada a partir de inconsistências nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.
O general Eduardo Pazuello assumiu interinamente o Ministério da Saúde em 15 de maio de 2020, após o médico Nelson Teich, segundo a liderar a pasta durante a pandemia de Covid-19, pedir para sair pouco antes de completar um mês no cargo Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo – 27/04/2020
O ex-ministro Nelson Teich e o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, durante entrevista coletiva em maio do ano passado Foto: Jorge William / Agência O Globo – 15/05/2020
Pazuello participa da comissão de ações contra o Coronavírus da Câmara Federal. Ele é o 3º a chefiar pasta no governo Bolsonaro Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo – 09/06/2020
Depois de quatro meses no cargo como interino, Pazuello assume oficialmente o Ministério da Saúde, em 16 de setembro, e cumprimenta o presidente Bolsonaro durante cerimônia de posse Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Pazuello passou a conduzir a pasta e a definir as estratégias para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus alinhado com as ideias do presidente, incluindo a defesa do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Pazuello e Bolsonaro em live. Ministro, infectado com a Covid, foi acordado para participar da transmissão. Durante a live, ministro minimizou o fato de ter sido desautorizado por Bolsonaro na compra da vacina chinesa. “Um manda, e outro obedece”, disse Foto: Reprodução / Facebook- 22/10/2020
Pazuello durante lançamento da campanha Novembro Azul, que visa estimular os homens a cuidarem da saúde de forma integral, em Brasília Foto: Jorge William / Agência O Globo – 11/11/2020
Pazuello e Bolsonaro posam ao lado do personagem Zé Gotinha durante apresentação do plano de operacionalização da imunização, no Palácio do Planalto. No mesmo dia, Brasil havia ultrapassado a marca de 183 mil mortes por Covid-19 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo – 16/12/2020
Pazuello concede entrevista coletiva sobre as vacinas Coronavac e Oxford, no Rio, após o governo de São Paulo promover a primeira aplicação de doses da vacina Coronavac em profissionais da saúde Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo – 17/01/2021
Eduardo Pazuello junto a governadores no Centro de Distribuição Logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, para a distribuição de doses da Coronavac para os estados Foto: MIGUEL SCHINCARIOL / AFP
Pedido de afastamento de Pazuello coincide com o auge da pressão de deputados do Centrão que pleiteiam mudança no comando da pasta sob pretexto de má gestão durante a pandemia Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo