Oceano Ártico poderá ficar sem gelo no verão na próxima década

Resultado do estudo independe da ação dos gases de efeito estufa, afirmam cientistas que realizaram a simulação

Segundo cientistas, o degelo no oceano Ártico, como este no Svalbard (NOR), deve ser completo na próxima década

Segundo cientistas, o degelo no oceano Ártico, como este no Svalbard (NOR), deve ser completo na próxima década – Lisi Niesner – 5.abr.23/Reuters

FOLHA DE S.PAULO

PARIS | REUTERS – oceano Ártico poderá ficar sem gelo durante o verão a partir da próxima década, muito antes do previsto, segundo um artigo científico publicado nesta terça-feira (6).

Cientistas de Coreia do Sul, Canadá e Alemanha utilizaram dados de observação dos anos 1979-2019 para fazer novas simulações.

“Os resultados indicam que o primeiro mês de setembro sem gelo marinho poderia ocorrer nos anos 2030-2050, seja qual for o cenário de emissões” de gases de efeito estufa, explicam esses cientistas na revista Nature Communications.

Estritamente falando, a ausência de gelo implica em uma superfície inferior a 1 milhão de km², já que poderia sobrar gelo residual ao longo da costa.

O oceano Ártico representa uma superfície de aproximadamente 14 milhões de km² e fica coberto de gelo na maior parte do ano.

Setembro é o mês em que a superfície de gelo marinho diminui ao máximo.

“Isso é aproximadamente uma década antes que as projeções mais recentes” do grupo de cientistas do clima da ONU, explica Seung-Ki Min, pesquisador das universidades sul-coreanas de Pohang e Yonsei e coautor do artigo.

Os cientistas dizem que esse desaparecimento de gelo pode ser atribuído essencialmente às emissões de gases de efeito estufa, já que os demais fatores (aerossóis, atividade solar e vulcânica) são muito menos importantes.Estudo publicado na Nature Climate Change prevê que o derretimento da camada de gelo da Groenlândia poderá com o tempo elevar o nível global do mar em pelo menos 25 centímetrosEstudo publicado na Nature Climate Change prevê que o derretimento da camada de gelo da Groenlândia poderá com o tempo elevar o nível global 

O gelo marinho é água salgada que se solidifica por ação do frio. Seu degelo não causa diretamente a elevação do nível dos mares (diferentemente ao da calota polar ou das geleiras), mas tem, de toda forma, consequências nefastas.

Esse gelo exerce um papel muito importante durante o verão, porque reflete os raios solares.

O desaparecimento do gelo “acelerará o aquecimento no Ártico, o que pode provocar o aumento dos episódios meteorológicos extremos em latitudes médias, como os longos períodos de ondas de calor e os incêndios florestais”, explica Seung-Ki Min.

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