Acelen prevê R$12 bi para diesel verde na Bahia; demandará óleo de soja no início Por Reuters @br.investing.com

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Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Acelen, do fundo Mubadala Capital, planeja investir 12 bilhões de reais em dez anos para a produção de diesel e querosene de aviação renováveis na Bahia, a partir de 2026, em um passo que colocará a companhia como uma das líderes mundiais nesse segmento, disseram executivos à Reuters.

A nova biorrefinaria, cujas obras devem ter início em janeiro de 2024, ao lado da refinaria de da Acelen Mataripe, em São Francisco do Conde (BA), terá capacidade para produzir 1 bilhão de litros por ano de combustíveis (ou 20 mil barris/dia) a partir do hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal.

O diesel renovável ou verde, também conhecido como HVO (sigla em inglês do processo de produção), é diferente de biocombustíveis tradicionais como o biodiesel, pois pode substituir 100% do produto fóssil, embora também use matérias-primas como o . O mesmo vale para o querosene de aviação verde, denominado SAF.

Devido ao tamanho do projeto, a companhia poderá ser em um primeiro momento a maior consumidora brasileira de óleo de , capturando o equivalente a 10% do consumo interno atual do Brasil, maior produtor global da oleaginosa.

“A gente se torna um player atrativo para um produtor de óleo de soja, então estamos sendo muito bem recebidos, e esse tipo de contrato também envolve investimentos futuros”, afirmou o vice-presidente de Novos Negócios da Acelen, Marcelo Cordaro.

A Acelen assinou no sábado memorando de entendimentos com o governo da Bahia, em Abu Dhabi, sobre o plano de investimentos. O projeto incluirá diversas frentes de trabalho, como estudos para a produção de matéria-prima e iniciativas para integrar a agricultura familiar, além de questões logísticas, ambientais, tributárias, dentre outras.

A decisão final para investimentos deverá ser tomada em dezembro deste ano.

“Será como se fosse uma unidade da refinaria, em Mataripe, para explorar as sinergias”, pontuou Cordaro, detalhando que a biorrefinaria utilizará toda a infraestrutura já existente de utilidades, tancagem e logística, incluindo o terminal portuário, para a exportação dos novos combustíveis.

A refinaria de Mataripe, antiga Rlam, foi vendida pela Petrobras (BVMF:) ao final de 2021. Sob a administração do Mubadala, investimentos de mais de 1 bilhão de reais já foram anunciados para a unidade, que hoje responde por 14% da capacidade de refino de petróleo do Brasil.

Inicialmente, a Acelen prevê que toda a sua produção de combustível renovável seja exportada, uma vez que ainda não há regulação no mercado brasileiro que viabilize a comercialização interna de HVO ou SAF, enquanto mercados externos podem garantir melhores preços.

“A gente quer ser um player global, já estamos nascendo grandes, já temos competitividade para atuar lá fora”, afirmou o vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Acelen, Marcelo Lyra.

“Obviamente, o mercado brasileiro se desenvolvendo e começando a incentivar esse tipo de combustível, aí logicamente para a gente seria interessante participar.”

DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA-PRIMA

Inicialmente, o óleo de soja será a principal matéria-prima do projeto, que devido a sua dimensão, poderá tornar a Acelen o maior consumidor individual da commodity no Brasil, com o uso de até 900 mil toneladas do óleo de soja por ano. Também deverá haver inicialmente um consumo adicional anual de 100 mil a 150 mil toneladas de óleo de e gordura animal.

Posteriormente, a companhia planeja substituir gradativamente o consumo do óleo de soja por óleo de macaúba e dendê, com previsão de início de plantio em 2025. Para isso, a Acelen investirá em genética, melhoria de produtividade agrícola e seleção de áreas aptas.

A macaúba é uma árvore nativa do Brasil com alto potencial energético, segundo os executivos, e ainda não explorada em escala comercial.

“Com a macaúba você tem de cinco a sete vezes maior produtividade por hectare (em relação à soja)”, afirmou Cordaro.

O projeto prevê o plantio em uma área total de 200 mil hectares, espalhadas entre Minas Gerais e Bahia, priorizando terras degradadas.

Não havia definição se a companhia também poderia ter plantio próprio, além de comprar de terceiros.

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Do montante total de investimentos previstos, até 2,5 bilhões de reais deverão ser investidos em pesquisa e inovação, desde a semente até a planta de produção.

A empresa planeja a criação de um laboratório de germinação de sementes de escala industrial, fazendo investimentos em pesquisas com uma série de instituições públicas e privadas dentro e fora do Brasil, afirmaram.

Os executivos destacaram que estudo da Fundação Getulio Vargas apontou que o projeto deverá movimentar 85 bilhões de reais na economia brasileira até 2035, de forma direta e indireta, com consequente aumento na contribuição de impostos em toda a cadeia produtiva.

Além disso, espera-se a geração de mais de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos, sendo 70% de forma perene, com a operação do Polo de Renováveis.

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