Talibã humilha Biden
Guga Chacra/OGlobo
Com a fuga do presidente do Afeganistão do país e a entrada do Talibã em Cabul em meio a uma ofensiva-relâmpago do grupo na última semana, reconquistando o poder no país, ficou claro o fracasso do presidente Joe Biden no processo de retirada das forças americanas depois de duas décadas de presença militar.
Aqui é preciso diferenciar a decisão de se retirar, tomada por Donald Trump e mantida por Biden, da retirada. Os EUA demonstram enorme incompetência no processo de remoção das tropas. Ao decidirem o momento da saída, deveriam estar mais preparados para o avanço do Talibã. Não estavam. O Pentágono, o Departamento de Estado e os serviços de inteligência americanos não conseguiram prever este final para a ocupação americana.
A retirada teria de ocorrer em algum momento e o Talibã sempre seria uma ameaça. Os EUA perderam a guerra ao não conseguirem formar e treinar um Exército afegão ao longo de 20 anos. Não é uma derrota de agora. Com todo o armamento e treinamento americano, as forças afegãs apresentam um desempenho ridículo contra o grupo extremista.
A culpa maior pelo fiasco dos EUA no Afeganistão é de George W. Bush, que iniciou a guerra. Barack Obama também é muito responsável por não ter encontrado uma solução ao longo de dois mandatos. Trump, resignado, aceitou a derrota e fez um acordo com o Talibã. Biden, ao implementar esse acordo sem se preparar, levará o ônus do fiasco.
A retirada dos EUA é apoiada por mais de dois terços dos americanos. Mas não a forma humilhante como ocorre a retirada. Esta marca ficará com Biden até o fim de seu mandato. Foi humilhado. Trump terá o argumento de que queria sair sim do Afeganistão, como a maioria dos americanos, mas não dessa forma patética com o Talibã retornando ao poder.