Reino Unido confirma dois casos de variante ômicron do coronavírus

Mutações foram encontradas em pacientes que voltaram do sul da África; Alemanha e República Tcheca investigam casos suspeitos
ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
FOLHA DE S. PAULO
BRUXELAS – Dois casos de Covid provocado pela nova variante de preocupação ômicron foram confirmados no Reino Unido na manhã deste sábado (27).

O sequenciamento do genoma foi feito durante a noite e confirmou mutações “consistentes com B.1.1.529”, afirmou a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA).

Os casos foram localizados nas cidades de Chelmsford e Nottingham e estão ligados a viagens ao sul da África, segundo a UKSHA.

Boris de máscara preta com pequena bandeira da inglaterra, visto atrás de vidro com bolas brancasO primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em centro de vacinação contra Covid na região leste de Londres – Jeremy Selwyn – 15.nov.2021/AFP

Os pacientes e suas famílias estão isolados enquanto aguardam resultados de novos testes e o rastreamento de contatos. Segundo o governo britânico, haverá reforço de testes na região desses dois casos.

O Reino Unido, um dos primeiros países a suspenderem voos vindos do sul da África, anunciou que vai ampliar a lista de restrições a mais quatro origens: Maláui, Moçambique, Zâmbia e Angola. As medidas preventivas foram defendidas por cientistas britânicos: “Na dúvida, melhor ‘ir duro, ir cedo e ir rápido‘”, disse uma delas.

OUTROS CASOS NA EUROPA

O sequenciamento da variante ômicron no Reino Unido foi o segundo confirmado no continente europeu. Na sexta, o governo belga confirmou um primeiro sequenciamento, de uma mulher não vacinada que passou pela Turquia e pelo Egito.

Outros casos suspeitos foram anunciados neste sábado, em mais países europeus. O secretário para Assuntos Sociais e Integração do estado de Hesse (oeste da Alemanha), Kai Klose, afirmou que “várias mutações típicas da ômicron foram encontradas em um viajante que voltava da África do Sul”.

Avião à noite em pista de aeroporto, com escadas nas portas da frente e de trás e ambulâncias na pistaPor falta de leitos de UTI em algumas regiões da Alemanha, pacientes com Covid são transferidos em avião das Forças Aéreas – Ina Fassbender – 26.nov.2021/AFP

Em rede social, o secretário alemão disse que o paciente se autoisolou, enquanto aguarda o sequenciamento completo do coronavírus.

Segundo o secretário, embora ainda não haja confirmação, as autoridades de saúde têm um “alto nível de suspeita” de que a cepa seja a ômicron, que foi classificada nesta sexta (27) como variante de preocupação, por ter potencial de ser mais transmissível e menos controlável pelas vacinas atualmente disponíveis.

Ainda são necessárias algumas semanas para obter evidências científicas sobre a ômicron, mas, por causa do número e do tipo de mutações que ela apresenta, países anunciaram pedidas preventivas e fabricantes de vacina começaram a desenvolver adaptações.

Governos estaduais alemães recomendaram a passageiros que tenham chegado do sul da África que façam testes e se isolem até obter resultado negativo.

Restrições contra a transmissão do coronavírus foram apertadas na última semana na Alemanha, atingida por um forte aumento de novos casos de Covid. O combate à pandemia foi citado como a prioridade do potencial próximo primeiro-ministro do país, Olaf Scholz, na quarta (24), ao anunciar o acordo de coalizão para um novo governo.

Também neste sábado, o primeiro-ministro tcheco, Andrej Babiš, disse que as autoridades de saúde investigam um caso suspeito de infecção pela ômicron. O paciente é uma mulher que esteve na Namíbia e passou por África do Sul e Dubai na volta ao país.

​Na Holanda, receberam diagnóstico de Covid 61 dos 600 passageiros que chegaram de dois vôos da África do Sul na sexta —mais testes estão sendo feitos para determinar qual a variante de coronavírus.

Segundo as autoridades de saúde holandesas, os viajantes que tiveram teste positivo foram isolados em hoteis ou instalações próximas do aeroporto de Schiphol.

“Estamos pesquisando o mais rápido possível se a variante é a ômicron”, afirma o comunicado.

Na noite desta sexta, os 27 países da União Europeia proibiram temporariamente a entrada de voos vindos de sete países africanos ( África do Sul, Botsuana, Suazilândia (Eswatini), Lesoto, Namíbia, Moçambique e Zimbábue), medida que já havia sido antecipada por alguns países em vários continentes, na tentativa de adiar a entrada da nova cepa.

Medida semelhante foi tomada pelo Brasil em relação a seis países: África do Sul, Botsuana, Suazilândia (Eswatini), Lesoto, Namíbia e Zimbábue.​

Na noite de sexta (26), o ECDC (centro europeu de controle de doenças) divulgou avaliação de risco da variante ômicron recomendando que países elevem a prevenção enquanto aguardam resultados das pesquisas científicas.

“Dados preliminares, com base em informações genéticas disponíveis atualmente, são de que os riscos da ômicron são altos”, afirma o comunicado. “A variante é mais divergente detectada em números significativos durante a pandemia até o momento, levantando sérias preocupações de que pode reduzir significativamente a eficácia das vacinas e aumentar o risco de reinfecções.”

Segundo a diretora do ECDC, Andrea Ammon, as três prioridades são ampliar a vacinação completa, reforçar a imunização dos que têm 40 anos ou mais e implantar restrições de circulação e contato.


COMO EVITAR NOVAS ONDAS DE COVID

1 – Medidas de saúde pública

  • Vacinar a maior parcela possível de idosos, vulneráveis e profissionais de saúde
  • Vacinar a maior parcela possível da população adulta
  • Ouvir os que recusam a vacina para entender seus motivos, dar respostas a suas dúvidas e restaurar a confiança na imunização
  • Vacinar jovens e crianças, nos países em que há imunizantes suficientes e já aprovados para essas faixas etárias
  • Dar a todos os adultos uma dose de reforço seis meses após a vacinação completa, priorizando idosos e vulneráveis
  • Manter sistema de testes, rastreamento de contatos e isolamento de casos suspeitos
  • Manter orientações claras contra aglomeração e de uso de máscara em locais fechados ou onde distanciamento não for possível
  • Divulgar informações de forma clara e transparente
  • Quando os números refluírem, retirar restrições de forma gradual, sem reduzir vigilância

2 – Medidas individuais

  • Vacinar-se completamente e tomar a dose de reforço seis meses após a vacinação completa, se disponível
  • Evitar aglomerações e locais fechados
  • Usar máscaras quando o distanciamento for impossível; o uso eficaz de máscara envolve cobrir boca e nariz e evitar contaminação ao retirá-la
  • Cobrir boca e nariz com a parte interna do cotovelo ao tossir ou espirrar, para evitar transmissão do vírus pelas mãos
  • Lavar as mãos constatemente, com sabão, durante ao menos 20 segundos
  • Testar-se se tiver sintomas e evitar contatos até receber um resultado negativo
  • Isolar-se e avisar contatos se tiver resultado positivo
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