— Qualquer americano que quiser vir para casa, vamos trazê-lo. Essa operação de retirada é perigosa e envolve riscos para nossas forças militares e está sendo feita em condições difíceis — afirmou o presidente. — Não posso garantir qual vai ser o resultado final ou que será sem risco de perda.
A reafirmação de que todos os americanos vão ser retirados do Afeganistão foi feita durante o segundo discurso de Biden desde que o Talibã voltou ao poder, no domingo. Após o pronunciamento, o presidente americano abriu para perguntas dos jornalistas presentes e foi questionado se também prometia retirar todos os afegãos que trabalharam com o governo americano.
— Eles são igualmente importantes. Eram tradutores, estavam no campo de batalha com a gente, faziam parte das operações.
Após ter sido criticado pelo seu último pronunciamento, quando defendeu “firmemente” sua decisão de retirar as tropas de combate americanas e justificou a rápida queda do Afeganistão afirmando que “o Exército afegão entrou em colapso, às vezes sem tentar lutar”, Biden reafirmou as promessas de retirada num tom visivelmente cansado.
De acordo com uma autoridade da Otan, cujas tropas também estão em processo de saída do país asiático, mais de 18 mil pessoas já foram retiradas do Afeganistão desde a tomada do Talibã. Milhares de pessoas desesperadas para deixar o país ainda estão no aeroporto de Cabul, acrescentou o oficial.
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Na quinta-feira, 3 mil pessoas foram retiradas do Afeganistão pelos EUA, segundo uma autoridade da Casa Branca. Desde 14 de agosto, um dia antes do Talibã tomar o poder no país, 9 mil americanos foram retirados, mais da metade dos 14 mil desde o fim de julho. A meta diária, porém, está abaixo do esperado, já que o objetivo de Washington é retirar entre 5 mil e 9 mil por dia.
— Nós não temos um número preciso — afirmou a diretora de Comunicação Kate Bedingfield à emissora CNN, alegando que um dos motivos é o fato da contagem atual incluir pessoas que podem ter deixado o país nos últimos seis meses. — O que estamos fazendo é trabalhar para identificar quantos americanos estão lá.
Segundo informações a AFP, os EUA pretendem retirar mais de 30 mil americanos e afegãos por meio de suas bases no Kuwait e no Qatar.
Em meio às críticas ao Ocidente sobre o caótico processo de retirada, o oficial, que pediu à Reuters para não ser identificado, prometeu que os esforços para retirar os cidadãos serão dobrados. Um representante do Talibã informou que diversas nações e organizações têm procurado a liderança do grupo para pedir ajuda na returada de cidadãos e trabalhadores de seus países.
Há hoje 5.800 militares americanos em Cabul, segundo uma autoridade americana nesta sexta-feira. Grande parte deles foi enviada ao Afeganistão depois do último domingo, quando o Talibã tomou o poder, exclusivamente para a remoção dos americanos e outros estrangeiros do país. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou a presença de 6 mil militares, número que deve ser alcançado nos próximos dias.
E a despeito das críticas sobre a retirada do país, Biden está ignorando as opiniões, uma vez que ele e seus auxiliares acreditam que o dano político nos EUA será limitado, segundo autoridades ouvidas pela Reuters. A equipe do presidente argumenta que a operação de retirada está indo bem tendo em vista o rápido avanço do Talibã.
Além disso, a Casa Branca se baseia em pesquisas de opinião que mostram que a retirada do Afeganistão foi a decisão mais popular da administração Biden, após mais de 20 anos de ocupação dos EUA no país asiático.