Guia:Conheça os 302 atletas da delegação brasileira em Tóquio

Houve diversas lembranças e homenagens a vítimas de Covid-19, incluindo um minuto de silêncio logo no início. Sem plateia, a organização fez um espetáculo voltado principalmente para quem assistiu ao evento de casa, pela TV ou pelas redes sociais.

Como de costume, a delegação da Grécia abriu o desfile, que contou com cerca de 5,7 mil atletas, entre os 11 mil inscritos nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O número foi reduzido por precauções com a Covid-19. Algumas delegações, no entanto, pelo acordo com seus patrocinadores, não reduziram significativamente o número de atletas na cerimônia.

Os organizadores fizeram outras mudanças pontuais na tentativa de reduzir o estafe envolvido na cerimônia. Se antes cada delegação era recepcionada por um voluntário, desta vez os voluntários ficaram encarregados por três países, por exemplo. Houve exemplos negativos, no entanto, como a delegaçao do Tajiquistão, cujos membros não usavam máscaras, indispensável para evitar o contágio e a transmissão do coronavírus.

Bruninho e Ketleyn Quadros levam a bandeira brasileira na cerimônia de abertura Foto: Divulgação/COBBruninho e Ketleyn Quadros levam a bandeira brasileira na cerimônia de abertura Foto: Divulgação/COB

Acostumada a desfilar no começo da cerimônia, que com exceção da Grécia segue a ordem alfabética, o Brasil desta vez ficou para trás na lista, feita no alfabeto japonês. Com um total de 302 atletas, a delegação brasileira teve o levantador Bruninho e a judoca Ketleyn Quadros como porta-bandeiras. Eles desfilaram com roupas inspiradas na informalidade e na ginga brasileiras: camisa florida, bermuda e chinelo, com direito a sambadinha na reta final. Com número reduzido de pessoas no desfile, as delegações apostaram nos trajes como forma de demonstrar as tradições de cada país.

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As placas carregadas com os nomes dos países foram feitas com garrafas PET. A Olimpíada de Tóquio tem o compromisso de ser um evento “carbono zero”, usando energia renovável. Essas placas também tiveram inspiração no mangá, o estilo de desenho que é marca da cultura japonesa. Os nomes dos países do desfile foram escritos dentro de balões de fala que lembram as histórias em quadrinhos.

No país que ajudou a consolidar o mercado de video games no mundo, a abertura da Olimpíada não poderia ser diferente. A trilha sonora foi recheada de referências a algumas das franquias de games do Japão. Séries como Final Fantasy, Sonic, Chrono Trigger, Dragon Quest, Monster Hunter e PES se alternaram e deram o tom épico ao desfile. Fãs da cultura japonesa, no entanto, reclamaram nas redes sociais da falta de games, mangás e animes como Pokémon.

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Protestos na rua

Enquanto se desenrolava a cerimônia no Estádio Olímpico, a polícia procurava conter no lado de fora manifestantes que protestavam contra a realização do evento. Pesquisas de opinião pública recentes, divulgadas pela imprensa japonesa, apontaram que a maioria da população local foi contra a Olimpíada, em um contexto de alta de casos de Covid-19 que colocou Tóquio em estado de emergência.

Num momento curioso do desfile, o remador Riilio Ri, porta-bandeira de Vanuatu, copiou o lutador Pia Taufatofua, que ficou conhecido como o “besuntado de Tonga”, por desfilar sem camisa e com o corpo repleto de óleo na Olimpíada do Rio, em 2016. Riilio representou a delegação de seu país também com o físico à mostra e besuntado.

Uma das primeiras delegações a desfilar, aliás, foi a equipe olímpica de refugiados, que competiu pela primeira vez na Olimpíada do Rio em 2016. Em Tóquio, a delegação é formada por cerca de 30 atletas que competirão em 12 modalidades. Um dos representantes vive no Brasil, o judoca Popole Misenga, nascido na República Democrática do Congo, onde foi mantido em cárcere privado por seus treinadores até buscar asilo político em solo brasileiro.

Após o desfile, artistas de diferenças partes do mundo interpretaram a canção “Imagine”, clássico composto pelo ex-Beatle John Lennon e a esposa japonesa Yoko Ono, em 1971. Ela é considerada um hino sobre paz e união.

Juramento novo

O imperador do Japão, Naruhito, marcou presença na cerimônia ao lado do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. Em pronunciamento muito breve, dentro do protocolo, Naruhito declarou aberta a 32ª edição dos Jogos Olímpicos. Bach, por sua vez, afirmou ser hoje um “momento de esperança, muito diferente do que nós imaginávamos” e agradeceu a medicos e enfermeiros que trabalharam na linha de frente no combate à pandemia.

O juramento olímpico, escrito originalmente pelo Barão Pierre de Coubertin, criador dos Jogos da era moderna, passou por uma atualização neste ano. Pela primeira vez, os atletas juraram seu comprometimento com a inclusão, a igualdade e a não discriminação. A novidade serve para reforçar o caráter humanitário das Olimpíadas, que também de forma inédita passaram a permitir mais possibilidades de manifestação de cunho político de atletas.

A bandeira olímpica, que representa os cinco continentes habitados (Américas, Europa, África, Ásia e Oceania), carregada por trabalhadores de serviços essenciais no combate à Covid-19, foi hasteada ao lado da bandeira do Japao, país-sede. Por fim, a chama olímpica foi acesa pela tenista Naomi Osaka, filha de mãe japonesa e pai haitiano, representando a diversidade nos jogos.

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