como a guerra da Ucrânia explica a teoria da ferradura @gazetadopovo

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“Maurício Falavigna é
professor, educador social, redator de marketing e jornalista. Milita há uma
década e meia na área de Inclusão Digital, já tendo dirigido ONGs e alguns
projetos sociais.” Assim é definido – ou se define – o autor de um trio de frases
que sintetizam a banalidade do mal. Uma expressão, infelizmente surrada, que
descreve com perfeição a resposta de Falavigna à pergunta: “E hoje de
aniversário a guerra da Ucrânia. Qual é a sua avaliação da guerra da Ucrânia?”.

Não mandei um
cartão de felicitações ao Putin, esqueci que era hoje. Mas eu não vejo a hora
que ele lance umas 18 bomba nuclear (sic) na Ucrânia, na Inglaterra, na
Alemanha, e acabe com a Europa inteira. No íntimo, o que eu mais quero é isso.

A população da Europa
é de 751,5 milhões de habitantes. Uma “Europa arrasada”, como o sujeito externou
o que jazia em seu íntimo, significa desejar a morte de boa parte dessa
população. No mundo ideal e desumanizado, como o do diálogo descrito acima, os
indesejáveis são como ratos ou baratas. A desumanização foi um dos recursos
usados pelo nazismo como um dos ingredientes do Holocausto.

Joseph Stalin, um dos
ídolos desse pessoal, tem em seu currículo algo em torno de 20 milhões de
mortes. Pelo menos 1 milhão delas diretamente ordenadas, durante o Grande
Expurgo de 1936 a 1939. Outras 1,5 milhão de mortes ocorreram nos campos de
trabalhos forçados. E o resto de fome. Somente na Ucrânia, foram mais de 6
milhões de vítimas. Para se ter uma ideia do gigantismo do genocídio promovido
por Stalin na tão odiada Ucrânia: desde o início da pandemia de Covid-19 até
hoje, foram contabilizadas 6,8 milhões de mortes em todo o mundo.

As “18 bomba
nuclear
” do professor, além de varrer o pluralismo da face da terra, transformariam
Vladimir Putin em um herói que deixaria o chinês Mao Tsé-Tung e seus 60 milhões
de mortos parecendo um escoteiro de tão inofensivo.

Agora imagine uma
ferradura. Em um exercício de abstração, coloque o professor com tenções
genocidas em um dos extremos do sapato de cavalo. Percorra mentalmente a forma
em direção à outra extremidade do objeto. Depois de se afastar ao máximo do
plano de destruição total da Europa, o percurso, ainda que em direção oposta,
volta a nos levar para perto do ponto de partida. Com a sutileza de jamais proporcionar
um ponto físico de contato, como ocorreria em um círculo, por exemplo.

Quando chegamos ao
outro extremo da ferradura, quem encontramos? Outro radical. Desta vez de
direita. E quase sempre defendendo algo muito próximo daquilo que pensa quem
está no extremo oposto. Ambos se odeiam. Não escondem sequer o desejo de
aniquilação do polo contrário. Mas são mais parecidos do que diferentes.

Podemos dizer que
nessa outra ponta da ferradura está alguém que se veste de cavaleiro templário,
luta contra o globalismo e os banqueiros atlantistas que financiam os nazistas
e defensores da nova ordem mundial na Ucrânia. Putin, como “grande conservador
que é, combatendo as ideologias de gênero, o climatismo e o ateísmo. Valores
que dão a ele a legitimidade moral de impedir os invasores ocidentais da OTAN e
dos Estados Unidos, que usam a Ucrânia como pretexto para impor sua agenda de
dominação global.

Sendo assim, vamos
ampliar a relevância do antagonismo político e suas contradições. A invasão da
Ucrânia colocou os opostos Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva nos extremos
da ferradura. Por razões diferentes, Bolsonaro e Lula abraçaram Putin e
assumiram o mesmo lado na guerra.

Putinistas oriundos do
Itamaraty sopraram nos ouvidos de Bolsonaro odes de amor ao presidente russo ao
ponto de o então presidente cair no conto de que, depois da derrota de Donald
Trump na eleição de 2020, o melhor era se juntar a Putin, o conservador. A
união foi selada com a crise dos fertilizantes, quando a Rússia fisgou o Brasil
devido à dependência que o agro brasileiro tem em relação ao insumo que é
importado, em grande parte da Rússia. Para garantir o suprimento e a produção
de alimentos para o mundo, Bolsonaro se juntou a Putin.

A aliança de Lula com Putin tem outra dimensão. O comércio e os fertilizantes são apenas a cobertura para um plano estratégico de longa data. Hoje, ele é evidente. Mas Lula, Dilma, Putin, Xi e a patota dos Brics já estavam cantando a pedra há tempos. O casamento é antiocidental. Ou mais precisamente, antiamericano. Um projeto de reorganização do mundo.

Bolsonaro, pode-se
dizer, pavimentou a estrada percorrida por Lula. O petista, por sua vez, vai
concluir a obra iniciada por Bolsonaro.

O “novo mundo” que
emerge com a ajuda do Brasil e sua ferradura política quer prover uma zona
cinzenta sem controle e pressão ocidental. Um Sul Global meio bandoleiro, mas
com tintas de autodeterminação. Um grande colchão para proteção contra
problemas já testados por meio da Rússia e sua invasão na Ucrânia.

Sob a liderança da
China e com a adesão do Brasil, o tal “novo mundo” que surge é o mundo seguro
que Pequim quer para si e para seus aliados, onde ninguém poderá cobrá-los de
nada. No caso da China, uma clara preparação para invadir Taiwan e mitigar
pressões como sanções. Com um sistema de pagamentos próprio, fica garantido o
fluxo financeiro. Além de ter países com suas reservas coalhadas de moeda
chinesa, torna-os reféns. Não jogariam contra a sua própria estabilidade
pressionando economicamente a China.

Não há como ser
otimista com o futuro. Por mais que o mundo livre tenha suas falhas e contradições,
só em delírio alguém pode dizer que as sociedades que se desenvolveram em busca
de liberdade e democracia são decadentes quando comparadas com a proposta de mundo que a China
oferece
.

E tudo indica que nos extremos da ferradura, o pessoal está trabalhando duro (de maneira às vezes distintas) para isso acontecer.



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Esta notícia pertence a: Gazeta do Povo

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