Ataques do ELN colocam em xeque “Paz Total” de Petro @gazetadopovo

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Além das várias reformas que tem proposto, a grande bandeira de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, desde sua posse em agosto tem sido a chamada “Paz Total”.

O termo diz respeito às negociações de paz com grupos
armados que atuam no país, especialmente o Exército de Libertação Nacional
(ELN). Entretanto, as conversas com essa guerrilha, retomadas em novembro, estão
sendo comprometidas pelas ações recentes do próprio ELN.

A mais grave ocorreu na última quarta-feira (29): um ataque a uma unidade do Exército da Colômbia na região de Catatumbo deixou nove militares mortos e outros nove feridos.

As Forças Armadas informaram que as vítimas do atentado estavam
monitorando as operações do oleoduto Caño Limón-Coveñas, administrado pela
estatal Ecopetrol e um dos mais importantes da Colômbia. O ELN havia cometido
neste ano ao menos oito ataques contra o oleoduto, indicando que, se quer paz,
a guerrilha anda longe de demonstrar isso.

Petro já havia passado um grande constrangimento nas
negociações na virada do ano, quando, pouco antes da meia-noite do último dia
de 2022, havia afirmado que o ELN e outros quatro grupos armados haviam acertado
com o governo um cessar-fogo bilateral de seis meses, que valeria de 1º de
janeiro a 30 de junho.

A guerrilha, entretanto, o desmentiu publicamente e dias depois o Ministério do Interior da Colômbia anunciou a suspensão do decreto de cessar-fogo.

Petro, ele mesmo um ex-guerrilheiro (do grupo M-19), não é o
primeiro presidente colombiano a ser vítima das promessas não cumpridas do ELN.
Antes das negociações de paz iniciadas no ano passado, a tentativa anterior mais
recente de um acordo com a guerrilha havia começado em 2017 em Quito, ainda
durante o governo de Juan Manuel Santos.

Já no mandato de Iván Duque e com as conversas transferidas
para Havana, dois anos depois as negociações foram interrompidas, devido ao
ataque do ELN à Escola de Cadetes em Bogotá que deixou 22 mortos e 68 feridos.

Na sexta-feira (31), em reunião com a equipe negociadora do governo
e representantes dos países que acompanham e que são garantidores do processo
de paz, Petro deu aos seus subordinados duas instruções principais para o
terceiro ciclo de conversas com o ELN em Havana, que ainda não tem data
marcada: chegar a um acordo de cessar-fogo e negociar a participação nos
diálogos das comunidades afetadas pela violência da guerrilha.

“As comunidades convocaram o presidente da República e a
delegação de paz do governo para desenvolver uma série de cenários de escuta,
nos quais possam partilhar de imediato as suas preocupações e as suas
iniciativas de acordos humanitários peremptórios e com exigências a todas as
partes, mas em particular ao Exército de Libertação Nacional”, disse Danilo
Rueda, alto comissário para a paz, em entrevista coletiva.

Na mesma coletiva, o chefe da delegação do governo
colombiano, Otty Patiño, admitiu que as atitudes recentes do ELN despertaram
duas grandes dúvidas na gestão Petro.

“A primeira é se o ELN está usando as conversas para se
fortalecer nos seus territórios e como organização, ou se, ao contrário, sua
permanência na mesa [de diálogo] significa uma verdadeira vocação para a paz, e
isso se soma ao fato de que o ELN afirma ser uma organização política”, relatou
Patiño. “Mas esse reconhecimento tem a ver não apenas com algo que está escrito
no papel, mas fundamentalmente com atitudes e fatos”, alfinetou.

No fim de semana, o ELN apontou em comunicado que vem
realizando ataques porque as “forças militares mantêm uma ofensiva […] agindo
em conjunto com forças narcoparamilitares”.

Mas manifestou intenção de “trabalhar e alcançar um
cessar-fogo bilateral, seus respectivos protocolos e mecanismos de supervisão e
verificação”. Nesta segunda-feira (3), o ELN despertou novamente indignação ao
divulgar uma foto de guerrilheiros armados ao lado de crianças na região de
Catatumbo.

Resta saber até que ponto Petro está disposto a insistir na
“Paz Total” – devido à violência gerada pela atuação das guerrilhas nos últimos
60 anos, grande parte da sociedade colombiana já encara com desconfiança as
conversas com os grupos armados, e a insistência em dialogar quando o outro
lado não mostra a mesma vontade pode desgastar ainda mais seu governo.

“Eles são assassinos, ponto. Eles acreditam que têm o direito e a licença para matar. O ELN não deseja a paz. O governo deve se retirar da mesa de negociações até que se demonstre que eles querem a paz”, escreveu no Twitter o oposicionista Fico Gutiérrez.

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Esta notícia pertence a: Gazeta do Povo

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