Queimadas no Pantanal: onças migram para próximo de área urbana e levanta alerta à população
As queimadas e a seca no Pantanal são os principais motivos para o aumento dos avistamentos por moradores, em Corumbá e Ladário (MS). A cadeia alimentar dos animais pantaneiros está afetada, explica especialista.
José Câmara/g1 MS
Onças-pintadas têm migrado para próximo de Corumbá e Ladário (MS), cidades às margens do Rio Paraguai. Os motivos, segundo especialistas, são as queimadas e a seca no Pantanal. Vídeos com onças circulando por regiões das cidades são vistos com mais frequência nas redes sociais.
Diante da situação, o médico veterinário do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Diego Viana, levantou o alerta à população pantaneira e até mesmo para os pesquisadores.
“Precisamos entender se estes animais estão atacando, atravessando o rio para a atacar animais domésticos ou oferecendo algum risco para a população. Nada, até o momento não recebemos informações das onças terem atravessado o rio ou se aproximarem das pessoas”, frisou.
Onças são vistas com mais frequência no último mês. — Foto: Redes sociais
Os avistamentos são feitos na margem oposta, do Rio Paraguai, às cidades de Mato Grosso do Sul. O fenômeno de migração das onças-pintadas para este ponto é característico em dois momentos bem distintos, como explica Viana.
Monitoramento de habitat
Depois do aumento dos flagrantes das onças próximas da área urbana, o IHP vai instalar câmeras com sensores de presença para monitorar o comportamento das onças e também a dinâmica de “coabitação” com a população. As instalações começaram nesta sexta-feira (22).
“Vamos colocar armadilhas fotográficas, com sensores de movimento, para aumentar e intensificar o monitoramento destes animais. Também queremos prevenir que as pessoas se aproximem. É em Corumbá, em frente à cidade, do outro lado do rio”, disse o médico veterinário.
O habitat das onças, bem como de outros animais da fauna pantaneira, está limitado. “O fogo e a seca estão fazendo isso” – detalha Viana – as pequenas áreas de verde que sobraram, ou que estão renascendo, se tornam refúgio para os animais. “Com a seca em bacias no Pantanal, todos os animais vêm para a margem do rio, fazendo com que as onças também venham para se alimentarem e matarem a sede”, destaca.
“A queimada também afeta a cadeia alimentar. Todas as espécies perdem. Os animais estão se deslocando. Antes tinha baías no Pantanal à dentro, agora estão se aproximando das margens do Rio Paraguai. Toda a fauna acaba sendo afetada pela seca e fogo”, contextualiza sobre o atual cenário do Pantanal, Viana.
Ajuda e serviço a sociedade
A orientação é que, caso algum morador ou turista aviste uma onça ou saiba de um ataque a animais domésticos, por exemplo, entre imediatamente em contato com o IHP, por meio dos telefones (67) 99934-9787 e (67) 99987-0467.
A maior parte dos vídeos são feitos por moradores, e o IHP espera continuar com a ajuda da população.
“Todos devem ficar atentos. Não podem se aproximar do animal, manter a distância. Não desça na região. Quem ver e estiver de barco, fique a no mínimo 15 metros”, finaliza Viana.