Entre todas as manifestações de fãs de Paulo Gustavo nas redes sociais nos últimos dias, havia uma menção à forma como o público se sentia próximo dele. O humorista, roteirista e ator era um parente querido de todos os brasileiros. Aquele que chegava a um evento de família levantando o astral mesmo num jantar sem graça e assunto. Não à toa, uma de suas mais conhecidas personagens foi a própria mãe, Déa Lúcia. Paulo Gustavo soube reunir na figura dela traços de todas as mães. Era impossível não se identificar com uma ou outra situação que ele criava. Fazia graça com eventos cotidianos, com questões domésticas, com situações íntimas, falava do próprio corpo e divertia demais sempre.
É fácil achar na internet fotos suas ao lado de quase todos os humoristas de sua geração. Era comum vê-lo abraçado a Fábio Porchat e aos colegas do Porta dos Fundos; a Tatá Werneck, com quem formava uma dupla adorada nos Prêmios Multishow; com Mônica Martelli, Heloísa Périssé, Ingrid Guimarães, Marcus Majella e tantos outros. Amigo de todos, sim. No entanto, sua carreira foi absolutamente independente. Talvez porque fosse capaz de se desdobrar em tantos personagens, era um one man show por excelência. Criou muitos tipos e fazia o público rir enquanto se multiplicava sozinho num palco, encarnando todas essas figuras.
Um espetáculo seu era garantia de casa cheia. O mesmo no cinema e na TV paga. Não surpreende que seu vínculo com as plateias seja tão profundo. O público perde um amigo íntimo, um familiar adorado. Ele ainda tinha um caminho longo de conquistas. Sua alegria e brilho farão falta ao Brasil. Agora, nesse momento de tamanho deserto na área de cultura, mais ainda.