Onomástica Aquidauanense

Rosildo Barcellos

Fundada em 15 de agosto de 1892, as margens do rio Moboteteu, atual Rio Aquidauana, foi implantada por comitiva composta pelo major Teodoro Rondon e pelos coronéis João d’Almeida Castro, Augusto Mascarenhas, Estevão Alves Corrêa e Manuel Antônio Paes de Barros, além de fazendeiros e moradores da Vila de Miranda. Teodoro Rondon também foi o primeiro professor da única escola da cidade, criada em 1894. Teodoro realmente era um homem inteligente e ainda teve de enfrentar o desdém dos mirandenses, posto que fundada a nova estrutura para a concretização da cidade, os “empreendedores” mirandenses  passaram a ofertar  dificuldades para impedir o progresso Aquidauanense e um deles pretendia desestimular o povoamento.

Isso posto, fica claro que refletir sobre a relação entre léxico, língua e cultura é aceitar que ao exercer o ato da comunicação o ser humano apropria-se de muito mais que um simples acervo é no processo de interação que o homem exterioriza suas crenças e relações com o meio, ante ao contexto histórico e social. E esse início de Aquidauana foi assim; pois refletia o interesse e ocupações que açabarcam a atenção da comunidade. Outrossim, entre as atividades instigadoras negativas e contrárias, um grupo de mirandenses  propagaram a  “fake news’ noticiosa, dizendo ser em Aquidauana uma região não recomendada, sintetizada na frase “aqui dá febre”, relacionando-se a febre amarela, e visando, é claro, desmoralizar os trabalhos dos fundadores de Aquidauana e afugentar pretendentes a irem morar naquele município. Fizeram essa notícia com tanta evidência que até hoje muita gente pensa que o significado-origem seja esse.

Emille Ricasseau, agrimensor francês, em missão profissional, naquele tempo morou longos anos em Corumbá, percorreu toda região de Forte Coimbra, Barranco Branco, Porto Murtinho, Nioaque, Aquidauana, Campo Grande, teve  convivência amiúde, com indígenas de diversas tribos, destacadamente com os Guaycurús, fixou-se em Aquidauana e daqui mudou-se para São Paulo, deixou um legado em seu livro intitulado  A VIDA DOS ÍNDIOS GUAYCURÚS ele assevera: Na língua dos Guaycurús  Aquidauana significa rio Fino, estreito, delgado.

Aquidauana nasceu em razão da Guerra do Paraguai e seus primeiros moradores  foram os soldados imperiais. Com a chegada dos trilhos da ferrovia, Aquidauana iniciou um acelerado processo de desenvolvimento. Aquidauana também foi o primeiro município do antigo Mato Grosso a ter serviço de energia elétrica, inaugurado em maio de 1928, além do primeiro cinema com tela panorâmica. Em 1948 tornou-se cidade. Aquidauana tem como vizinhos os municípios de Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Miranda, (ao sul), CorguinhoRio NegroTerenos (a leste), Rio Verde  (ao norte) e Corumbá (a oeste).

Aliás, a questão da “Guerra do Paraguai” no Paraguai o Dia dos Heróis Nacionais é 1º de março, quando Solano López foi morto, e o Dia das Crianças, 16 de agosto, quando centenas de meninos soldados morreram na Batalha de Acosta Ñu.

Na última batalha que realmente concedeu a “vitória” ao Brasil o General brasileiro Correa da Câmara ordenou o fuzilamento do Mariscal Lopez. Mas registre-se que os indígenas, notadamente os terenas e guaicurus tiveram efetiva participação que aliaram na luta pela preservação da terra, (hoje perdida para pasto e gado) e na nomenclatura de locais e cidades e sobretudo,  essa aliança propiciou força que restava aos brasileiros, que tinha ao seu lado a coragem e o espírito combativo dos guaicurus, concomitante a subsistência e a prestação de serviço dos Terenas.

*  Rosildo Barcelos é articulista do Diário da Serra de Maracaju e colaborador de outras publicações. 

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