Fãs de F1 voltam a Interlagos após quase dois anos, mas muitos sem máscara
Com isso, o GP de São Paulo, que acontece neste domingo (14), às 14h, deverá ser uma das atrações com o maior número de pessoas aglomeradas no Brasil em meio à pandemia.
A capacidade do autódromo é de 60 mil pessoas. O recorde em um evento esportivo no Brasil durante a pandemia foi de 60.142 torcedores no duelo entre Atlético-MG e América, em Belo Horizonte, no último domingo (7), pelo Campeonato Brasileiro.
Casa da F1 desde 1990, a capital paulista não pôde receber a categoria em 2020 por conta justamente do coronavírus, o que frustrou os apaixonados pelo esporte a motor e afetou os bolsos, sobretudo, do setor de serviços e comércio.
Para entrar no autódromo, era necessário apresentar um comprovante de vacinação (duas doses ou dose única), emitido pelo aplicativo Chronus i-Passport, uma espécie de passaporte sanitário do evento. Antes de girar a catraca, o certificado digital era verificado por um funcionário.
Quem não tomou a vacina precisou apresentar teste negativo (inclusive crianças de 5 a 12 anos), sendo obrigatório o tipo antígeno, realizado até 24 horas antes de cada acesso ao autódromo, ou o exame RT-PCR, realizado até 48 horas antes de cada acesso.
Ao menos quatro tendas ofereciam a testagem nos arredores do autódromo –o exame de antígeno por um custo de R$ 80 e o RT-PCR, R$ 280. Este último é acompanhado de um laudo e tem sido o preferido do público estrangeiro que, após a corrida, fará viagens de avião para retornarem aos seus países.
Em uma dessas tendas, duas enfermeiras realizaram 60 testes até este sábado, por volta das 14h.
“Entre a maioria [dos testados] está o público que vem de outro país, mas também tem os negacionistas que garantem que não vão tomar a vacina”, diz a enfermeira Raquel Bueno.
Com o uso de máscara obrigatório, o acessório passou a ser oferecido por ambulantes e lojas vizinhas ao custo mínimo de R$ 2.
Os protocolos esvaziaram principalmente o paddock, área onde pilotos, integrantes das equipes e vários convidados, como artistas e atletas, costumam transitar e confraternizar.
Os escritórios das equipes, que até 2019 recebiam convidados e ofereciam comidas e bebidas, inclusive as alcoólicas, não dispunham mais do serviço.
A organização deverá divulgar os números oficiais de público somente depois da corrida neste domingo (14).
Os amigos Arthur Machado e Gabriele Fischer, ambos de 24 anos, vieram de Curitiba e, após fazerem um investimento de R$ 50 mil (entre passagem, hospedagem, ingressos e passeios), poderão realizar o desejo de acompanhar o GP.
“É uma paixão de família, independentemente de Hamilton ou Verstappen, sempre quis acompanhar uma corrida”, afirma Gabriele.
Eles garantiram entradas no setor D, cujo ingresso custa R$ 2.800 cada e, como atrativos, a arquibancada coberta fica instalada no início do S da curva do Senna e há serviço de open bar, além de telão e ponto de vendas de produtos oficiais das equipes.
Um copo no evento custa R$ 50 e há bonés entre R$ 500 e R$ 900, a depender da equipe. Uma camiseta polo da Mercedes custa R$ 1.100.
Nos bares próximos das arquibancadas, o espetinho de carne é vendido por R$ 19, a lata de cerveja (350 ml) a R$ 13,50 e a de refrigerante, por R$ 9.
Apaixonado pela F1, o brasiliense Jhonny Ferraz, 28, estava radiante de pisar no autódromo. Em 2019, ele desistiu por questões familiares e financeiras, mas prometeu poupar e planejou vir a Interlagos em 2020.
“Foi, corretamente, cancelado, mas fiquei frustrado. Estou me sentindo seguro com os protocolos, há um respeito do público apesar que nem todos estão de máscara”, diz Ferraz, que estima desembolsar cerca de R$ 3 mil no passeio. “Valeu muito a pena, o campeonato está emocionante como há anos não acontecia.”
O uso de máscara era obrigatório, com flexibilização apenas durante as refeições. No entanto, houve quem a ignorou neste sábado.
A organização da F1 havia prometido espalhar totens de álcool em gel 70% pelo autódromo, o que até neste sábado (13) não se confirmou.
Do lado de fora havia poucos torcedores nas ruas do entorno do autódromo. Aqueles que circulavam na região eram constantemente abordados por cambistas, que vendiam ingressos com valores de três a quatro vezes mais caros dos que os oficiais.
Mesmo sem dinheiro para acompanhar a F1 nas arquibancadas, a família do professor Cleber Eduardo Rubio, 50, ficou alguns minutos em frente a um dos portões para o jovem Gabriel, 13, fã de Lewis Hamilton, poder ouvir o ronco dos motores.
“Ele é muito fã, adora ver as corridas”, disse a mãe dele, a coordenadora de vendas Karen Borges, 43. Ela e o marido não vinham a Interlagos desde 2007, um ano antes do nascimento de Gabriel, quando assistiram à vitória do finlandês Kimi Raikkonen, que este ano vai se aposentar da F1.
Ao lado da filha Samantha, 12, Cleber reclamou dos valores dos ingressos. “Quando eu fui olhar os preços, só tinham os mais caros. Para nós quatro daria quase R$ 5 mil. Não tinha como”, disse o professor, incomodado com a abordagem dos cambistas.