Bruno Marinho
O GLOBO
No tabuleiro de xadrez que opõe, de um lado, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, e do outro, jogadores e comissão técnica da seleção brasileira, cresce a expectativa, dentro da entidade, de que Tite possa pedir demissão depois do jogo contra o Paraguai, terça-feira, pelas Eliminatórias para a Copa do Qatar.

A crise gerada pela transferência da Copa América para o Brasil, admitida pelo próprio treinador na quinta-feira, na entrevista coletiva às vésperas do jogo contra o Equador, nesta sexta-feira, pode ser a gota d’água na trajetória de Tite na seleção. O tom assumido pelo técnico nas respostas à imprensa, assertivo para seus padrões, reforçou a impressão de que a ruptura do trabalho pode estar próxima.

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Gerou insatisfação a maneira como Caboclo conduziu as conversas para receber a competição no país, depois das desistências de Colômbia e Argentina. Os lideres do grupo de jogadores, que incluem Alisson, Thiago Silva, Casemiro e Neymar, manifestaram-se, e o elenco teve reuniões tanto com a comissão técnica, quanto com o dirigente. Tite e sua equipe se posicionaram totalmente a favor dos atletas.

O caso se soma a outros dois episódios que incomodam o treinador: a crise institucional vivida pela CBF desde que Caboclo passou a ser ameaçado por uma funcionária, que diz ter sido alvo de comportamento inadequado do dirigente; e o vazamento, em reportagem da “ESPN”, de uma conversa entre Caboclo e Edu Gaspar, então coordenador da seleção, depois da Copa da Rússia, em 2018, em que o presidente faz duros questionamentos ao trabalho de Tite e de sua comissão técnica, em especial o auxiliar Cleber Xavier, seu braço direito.

A ordem do treinador é manter a concentração total nos dois próximos compromissos da seleção, nesta sexta-feira, contra o Equador, e terça-feira, contra o Paraguai, pelas Eliminatórias. O Brasil é líder, com quatro vitórias em quatro partidas. Tite prometeu que tanto ele quanto os jogadores deverão se manifestar mais claramente a respeito da crise depois dos jogos.

Alternativas a Tite

No outro lado da trincheira, Rogério Caboclo e seus aliados aguardam os próximos passos de Tite. Em caso de pedido de demissão, já existe uma alternativa no horizonte: o nome do técnico Renato Gaúcho agrada.

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O treinador está sem clube desde que deixou o Grêmio, em abril, e já manifestou diversas vezes seu desejo de treinar o Brasil. O bom trabalho no tricolor gaúcho, em que foi campeão da Copa do Brasil, da Libertadores e da Recopa Sul-Americana, traria respaldo junto a torcida e imprensa.

Outra caminho no horizonte é ir ao mercado atrás de um treinador estrangeiro. Caboclo já se mostrou favorável à ideia de abrir mão de profissionais brasileiros ao tentar a contratação do espanhol Xavi para fazer parte da comissão técnica de Tite.

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