Ethan conheceu sua atual esposa ainda criança, mas o destino os separou por anos. Já adulto soube que a mãe de sua amada havia passado por um tratamento delicado devido a um câncer de mama.
Em 2019, acompanhou de perto o drama que atingiria novamente a família. Há 22 anos casado, dessa vez, ele compartilhou a dor de ter um parente diagnosticado com câncer de mama: sua cunhada.
“Ela até hoje faz tratamento. Foi identificado um câncer maligno em uma mama e, logo depois, ainda durante o processo de cura, a doença também se manifestou na outra. Para quem convive de perto com alguém que passa por este momento doloroso é muito ruim. Nos sentimos impotentes. Tiveram períodos, principalmente, no início do tratamento, que ela pensou em desistir, tamanha era o desconforto com os efeitos colaterais ocasionados. É um desgaste emocional para toda a família, todos sofremos juntos”, afirma detalhando que sua cunhada teve que retirar as duas mamas.
Ele conta que a doença é devido à genética da família e, então, como forma de prevenção sua esposa procurou um mastologista para exames mais detalhados já que nos de rotina nunca houve nenhuma alteração. “Ela fez uma análise minuciosa, um mapeamento genético e, só assim, foi identificada uma modificação em seu organismo que poderia resultar em câncer. Juntos e amparados com toda a orientação médica necessária, decidimos que ela faria uma cirurgia preventiva”, afirma.
Com a decisão e o apoio familiar – que nessas horas é fundamental -, a esposa de Ethan retirou as duas mamas, ovários, as trompas e o útero. “Mesmo sendo preventivo o procedimento, não deixou de ser preocupante. Mexe com toda a estrutura familiar. Preferimos não esperar o pior, mas isso não quer dizer que também não foi um processo torturante. Estamos nos recuperando aos poucos…”, comenta.
Com a experiência de quem (por tabela) vivenciou as rupturas físicas e emocionais que o câncer causa, ele frisa a importância das pessoas procurarem o médico e fazerem seus exames de rotina. “Com essas experiências, aprendi que é inadmissível as pessoas não se cuidarem. O câncer pode ser tratado no começo e com os avanços da medicina muitas dores e perdas podemos evitar. Então, minha mensagem é que deixem qualquer tipo de preconceito de lado e cuidem-se”, pontua.
Questionado de onde sua esposa tirou forças para receber pela terceira vez o diagnóstico na família, ele responde emocionado: “Não sei… Fé em Deus, crença na ciência. As mulheres têm o dom da vida, da natureza. Elas são o sexo forte e no que dependeu de nós, da família, estivemos juntos o que acredito que de certa forma, fortaleceu a coragem e amenizou os desafios que ainda enfrentamos contra o câncer”, finaliza emocionado.
Sua esposa que, gentilmente, aceitou falar completa os relatos reforçando sobre a importância dos cuidados. “Nós tivemos a sorte de possuir plano de saúde, mas quem faz pelo SUS [Sistema Único de Saúde] precisa ter um acesso mais fácil e mais rápido porque o tempo faz toda a diferença. Hoje minha mãe está com 81 anos saudável, minha irmã diariamente está se restabelecendo assim como eu”, conta.
Para concluir a conversa ela completa confessando: “Minha família é muito católica, então, mesmo morando longe sempre estamos unidos na fé. Meu marido, filhos, amigos, foram fundamentais durante o processo – desde a descoberta, que é uma etapa muito difícil. De qualquer forma, o câncer não deixa de ser um fantasma porque qualquer dor que alguém da família sente a gente já se preocupa. Fazemos exames a cada seis meses para monitorar a doença. Então, tudo isso contribuiu para o bom andamento dos tratamentos e os resultados que alcançamos. Com o tempo tivemos que aprender a conviver e nos atentar a essa realidade. É difícil, emocionalmente ficamos em constante alerta”, declara.
Durante esta semana (18 a 22.10) a Procuradoria-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul (PGE/MS) está publicando uma série especial sobre a campanha Outubro Rosa e abordando o tema para encorajar as mulheres a terem autocuidado e a realizarem exames de prevenção.
A campanha tem por objetivo divulgar informações sobre o câncer de mama e de colo do útero e fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para a prevenção da doença. Considerando que o diagnóstico precoce aumenta as chances de tratamento mais efetivo.
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Karla Tatiane, PGE
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