Análise: Palmeiras não fala, não joga e é eliminado da Copa do Brasil com justiça

FELIPE LEITE

GAZETA ESPORTIVA

SÃO PAULO –  Não que alguém estivesse fazendo isso, mas não dá para colocar na conta da arbitragem. Anderson Daronco errou feio ao não marcar falta de Luciano em Zé Rafael — e, consequentemente, expulsar o jogador são-paulino —, assim como errou ao não validar gol de Calleri.

O Palmeiras foi eliminado com justiça em pleno Allianz Parque. Diante de um São Paulo melhor, o time de Abel Ferreira perdeu por 2 a 1 e disse adeus para a Copa do Brasil em sua fase de quartas de final.

A grande verdade é que, para um time que precisava vencer por dois gols para se classificar no tempo regulamentar, o Verdão criou pouquíssimo. Contou com um ‘gol espírita’ de Piquerez no primeiro para ganhar um sopro de vida, esperança, mas foi completamente dominado na etapa final.

Apatia. Desorganização.

Foi uma atuação estranha, por assim dizer, ainda mais se tratando de um time comandado por Abel Ferreira.

A culpa nem de longe é do treinador. Isso já foi provado várias vezes ao longo da temporada, mas ficou ainda mais em evidência contra o São Paulo: falta elenco ao Alviverde.

E os culpados disso são Leila Pereira e Anderson Barros. A torcida tem razão ao, no estádio, gritar que avião não entra em campo, por exemplo.

Pior ainda foi a coletiva do diretor de futebol após o confronto. Pensava-se que Barros poderia quebrar a tal ‘lei do silêncio’, mas isso, na verdade, não aconteceu. O dirigente falou, sim, mas não agregou em nada. Não prestou satisfações ao torcedor e. demasiadamente, citou “consciência” para o Palmeiras ter responsabilidade e não botar o projeto a perder.

A demora para trazer reforços, portanto, explica-se. Certo? Errado.

Barros alegou que era necessária a cautela para que o Verdão não fosse prejudicado. Mas ser eliminado pelo rival, em casa, de uma competição extremamente importante: isso não é prejuízo?

A morte de Gabriela Anelli deu o tom do clima pré, durante e pós-jogo no Allianz Parque. Na última quinta-feira (13), o Palmeiras perdeu para o São Paulo e foi eliminado da Copa do Brasil em jogo que contou com constantes e frequentes homenagens à torcedora.

No último dia 8 de julho, Gabriela morreu após briga na rua Padre Antônio Tomás — perto da entrada visitante do Allianz Parque —, que aconteceu antes da bola rolar, por volta das 17h30 (de Brasília). Uma confusão entre flamenguistas e palmeirenses no local resultou em arremesso de pedras e garrafas.

Um estilhaço de vidro de uma das garrafas jogadas acertou o pescoço da torcedora, que foi velada e enterrada na Grande São Paulo na última terça-feira.

As homenagens começaram ainda na parte da tarde de quinta-feira, quando torcedores da Mancha Verde, principal organizada do clube, foram até a porta da Academia de Futebol com camisas contendo cada letra do nome de Gabriela.

No entorno Allianz Parque, policiamento reforçado na rua onde a jovem de somente 23 anos sofreu o corte que a vitimou. Além disso, Seo Ernesto — icônico e conhecido torcedor do clube — ostentou cartaz com uma faixa de luto ao meio e os dizeres: “Pela Gabriela”.

Dentro do estádio, mais lembranças à torcedora. A Mancha Verde ostentou faixa em homenagem a Gabriela antes da bola rolar, e assim ficou até o apito final de Anderson Daronco.

Além disso, pouco antes do pontapé inicial, o Palmeiras dedicou um minuto de silêncio para a jovem “e a todas as vítimas de violência no futebol”.

Com os pais da torcedora morta antes do jogo diante do Flamengo presentes, o Verdão colocou a foto de Gabriela no telão pouco antes da bola rolar. A Mancha Verde começou, então, a entoar o nome da jovem de 23 anos.

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