VAR do impedimento muda para privilegiar o ataque no Brasileiro @umdoisesportes

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Nos anos 1990, a IFAB (International Football Association Board, sigla em inglês para o órgão que cuida das regras do futebol) publicou uma recomendação para os árbitros ao redor do mundo. Em casos de dúvida na marcação de impedimento, a jogada deveria prosseguir. A orientação tinha como objetivo privilegiar o ataque e os gols.

O Campeonato Brasileiro de 2023 começa neste sábado (15) com a intenção de que este conceito seja retomado, agora com a ajuda do VAR. As linhas colocadas de maneira eletrônica para verificar se a posição do atacante é legal, motivo de discórdia desde a implantação do sistema, em 2018, passam a ter um critério que favorece a ofensividade.

“Todas as vezes que as linhas [do último zagueiro e do atacante] se sobrepõem, elas se tornam da cor azul e ajudam o ataque. Se estiverem na paralela, ficam na cor vermelha [para sinalizarem o impedimento]. Isso até para respeitar o momento no toque da bola do jogador”, explica o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Wilson Luiz Seneme.

Há quase duas semanas, ele comanda pessoalmente a pré-temporada dos árbitros antes do início do torneio nacional. Vai ao campo, orienta, sinaliza e dá broncas. As atividades simulam situações de jogo, principalmente as mudanças que serão implantadas. A linha do impedimento é a que mais chama a atenção, mas não será a única.

Os 40 clubes das Séries A e B têm recebido visitas de integrantes da Comissão de Arbitragem para palestras e explicações.

Assim como já aconteceu na Copa do Mundo de 2022, a CBF quer que o acréscimo das partidas seja incrementado para que a bola esteja em jogo pelo maior tempo possível. O caso que se tornou mais conhecido no Mundial do Qatar foi o do brasileiro Raphael Claus. No confronto entre Inglaterra e Irã, pela fase de grupos, o árbitro adicionou 29 minutos no total.

No documento publicado pela Confederação, os juízes terão de ficar atentos ao tempo gasto nas comemorações de gols. Até então, a preocupação era com a demora nas cobranças de faltas, escanteios, reposições de bola e simulações de contusões.

“Se você cronometrar qualquer comemoração de gol, leva no mínimo um minuto”, ressalta Seneme, que antes de comandar a arbitragem na CBF ocupava o mesmo cargo na Conmebol, a Confederação Sul-Americana.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em setembro do ano passado, ele já sinalizava mudanças na expectativa do que aconteceria no torneio do Qatar. Demonstrava contrariedade com a pressão exercida sobre os árbitros, especialmente por jogadores fora de campo e comissão técnica. É por causa da IFAB, mas o dirigente vai ser o responsável por colocar em prática que o jogador que perturbar o juiz quando ele for conferir uma jogada no monitor do VAR, deverá receber com o cartão amarelo. Ou vermelho, se já tiver sido advertido antes.

O número de atletas autorizados a ficar à beira do campo no aquecimento será de seis.

“Acontecia de nem todos [os reservas] conseguirem aquecer, ficavam parados e começavam a torcer”, observa.

As decisões do VAR também serão explicadas para os torcedores pelo telão, de forma sucinta, nos estádios que tiverem estrutura para isso. Tal qual acontece há anos na NFL, a liga profissional de futebol americano. A ideia por trás disso é dar transparência nas marcações alteradas pelo árbitro de vídeo. Seneme fala em “respeito ao torcedor”.

É isso o que também, pelo menos no discurso, está por trás do que ficou conhecido como “regra Dibu Martínez”, titular da seleção argentina na Copa do Mundo. Por causa de seu comportamento antes das cobranças de pênaltis, fica determinado que o goleiro está proibido de tentar desconcentrar o rival, mesmo que seja com pulos para encostar na trave ou no travessão antes da batida.

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