Bruno Henrique do Flamengo é alvo da Operação Spot-Fixing por manipulação de jogo em Brasília
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e a Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal deflagraram na manhã desta terça-feira o cumprimento de 12 manados de busca e apreensão contra envolvidos em uma suposta manipulação de resultados na partida entre Flamengo e Santos, em 1º de novembro, na Arena BRB Mané Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro. Um dos suspeitos na Operação batizada de Sport-Fixing, uma expressão inglesa que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não relacionado ao resultado final, sobre o qual existe um mercado de apostas, é o atacante Bruno Henrique do Flamengo.
As investigações apontam provas de que o atacante agiu deliberadamente durante a partida contra o clube paulista para ser punido pelo árbitro com um cartão. O ato teria beneficiado familiares cientes de que o jogador cometeria a infração na partida. O Santos derrotou o Flamengo de virada por 2 x 1 à época (assista ao vídeo do jogo neste post).
São alvos da operação o irmão de Bruno Henrique, Wander Nunes Pinto Júnior, a cunhada dele, Ludymilla Araújo Lima, uma prima chamada Poliana Ester Nunes Cardoso e outros suspeitos de participar da fraude. Todos moram em Belo Horizonte e têm algum tipo de vínculo com o atacante do Flamengo, que também nasceu em Minas Gerais. Também são alvos, todos suspeitos, o casal Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina, além de Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim.
Os mandados acontecem na residência dos investigados na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na sede das empresas DR3 e BH7, ambas com participação financeira de Bruno Henrique, e no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo em Vargem Grande, no Rio de Janeiro.
A suspeita de manipulação de resultados diz respeito aos acréscimos da partida em Brasília no segundo tempo. A súmula da partida assinada pelo árbitro gaúcho Rafael Klein justifica que Bruno Henrique levou o primeiro cartão amarelo por golpear um adversário de maneira temerária na disputa de bola. Soteldo recebe a bola aberto na esquerda e dribla entre as canetas de Bruno Henrique, que comete a falta. Na sequência, recebe o vermelho por ofender Klein, chamado pelo jogador rubro-negro de “m…”.
As apurações indicam que Bruno Henrique provocaria ao menos um cartão na partida contra o Santos. Cientes disso, o irmão dele, uma cunhada e uma prima cadastraram-se em uma casa de aposta online e fizeram os palpites à espera da infração do jogador. No palpite deles, o atacante receberia uma cartão durante a partida contra o Santos, em Brasília. A aposta foi identificada nas contas de outros seis investigados.
O Gaeco do MPDFT foi acionado pela CBF com relatórios da empresa de integridade parceira da entidade, Sports Radar, apontando um volume incomum de apostas em casas online para a partida entre Flamengo e Santos naquele 1º de novembro de 2023. Segundo o documento, no histórico de Bruno Henrique dos dois anos anteriores ao jogo, a perspectiva de punição dele era na casa de 20%, considerando frequência com a qual ele era punido.
Cartões de Bruno Henrique no Flamengo
- 2024: 7 amarelos, 2 vermelhos
2023: 8 amarelos, 1 vermelho
2022: 5 amarelos, 1 vermelho
2021: 13 amarelos
2020: 14 amarelos
2019: 21 amarelos, 1 vermelho - Total: 68 amarelos e 6 vermelhos
Em ao menos duas casa de apostas, houve uma predileção em torno de 90% pelo palpite da punição do atleta, o que, para a investigação, indicava o conhecimento prévio dos apostadores quanto a ocorrência daquele evento. A CBF também alertava para a criação recente das contas dos apostadores. Algumas delas inauguradas na véspera da partida realizada no Mané Garrincha. Uma aposta teria vencido com o valor máximo.
Diante das informações, os investigadores identificaram os nomes dos titulares das contas e a 7ª Vara Criminal de Brasília fez apreensão de aparelhos celulares, computadores e outros itens pessoais dos alvos da operação batizada de Spot-Fixing, uma expressão inglesa que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não relacionado ao resultado final, sobre o qual existe um mercado de apostas.
Suspenso na partida de ida da final da Copa do Brasil contra o Atlético-MG na vitória por 3 x 1, Bruno Henrique os demais suspeitos podem responder pelos seguintes crimes previstos na Lei Geral do Esporte: fraude da partida e corrupção passiva e ativa esportiva. Também estão sujeitos a punições por prática do crime de lavagem de dinheiro e até crime de associação ou organização criminosa.
Fonte: Correio Braziliense