‘Carnaval’ traz amigas curtindo folia em Salvador e gatilhos: ‘Só vivendo’
Filme da Netflix foi gravado antes do 1º registro de Covid no Brasil
Em um ano em que a pandemia impossibilitou a realização da mais brasileira das festas, o filme “Carnaval”, que estreia nesta quarta-feira (2) na Netflix, pode ser encarado como um alento ou um gatilho. Cabe ao espectador escolher se quer fazer a própria celebração fora de época, embarcando na trama cheia de aglomeração e contato físico.
Dirigido por Leandro Neri, o longa foi rodado em Salvador durante o Carnaval de 2020, pouco antes que houvesse a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. “Eu lembro de nós chegando [das gravações] no aeroporto e já vendo todo mundo de máscara”, afirma Giovana Cordeiro, que interpreta a protagonista Nina, em entrevista ao F5.
Na trama, ela vive uma influenciadora digital que descobre ter sido traída pelo namorado após ver um vídeo dele viralizar na internet. Para virar a página, Nina aceita um convite para curtir a folia na capital baiana, trocando o cachê pela possibilidade de levar as melhores amigas, Mayra (Bruna Inocêncio), Vivi (Samya Pascotto) e Michele (GKay).
“A gente tinha que ter gravado esse filme para ficar esse registro do Carnaval”, concorda GKay. “Eu penso que não só a gente, mas toda a população de Salvador, toda a população da Bahia, toda a população do Brasil precisa rever isso e lembrar um pouco de como é. É um privilégio, sim, termos essas imagens.”
Samya Pascotto lembra que, além de no Brasil, muitas pessoas terão acesso ao filme nos mais de 190 países em que a Netflix está disponível. “O mundo vai poder ter um gostinho do que é a grande experiência de um Carnaval em Salvador”, comemora. “Quando tiver vacina, vocês compram suas passagens para Salvador, é um pedido meu para você fazer por você mesmo (risos).”
Intérprete de Mayra, Bruna Inocêncio concorda com a visão da colega. “A intenção é essa também. Olha como a festa é linda! Venham sentir, venham curtir essa emoção também quando puderem”, diz a atriz, que cita outa vantagem, a de explicar para quem é de fora o que é a festa.
“Meus amigos me perguntavam muito como era o Carnaval”, conta. “E aí eu ficava sem saber como explicar, porque não tem como explicar como é o Carnaval, só vivendo.”
Na trama, Nina ainda é uma influenciadora em ascensão. O sonho dela é conquistar seu primeiro milhão de seguidores, motivo pelo qual se envolve em algumas enrascadas ao longo do caminho, seja ao tentar aparecer no perfil da colega mais bombada, Luana (Flavia Pavanelli), seja ao trocar beijos com o cantor de trio, Freddy Nunes (Micael Borges).
“Nina é uma menina bem atual, dessa era virtual”, explica Cordeiro. “Ela tem esse desejo de se comunicar com várias pessoas, de ser vista e de chamar a atenção. Ela está em um processo de autoconhecimento muito interessante, ao se colocar nesse ambiente virtual para entender quem ela é e como ela se comunica”, diz. “É atrapalhadinha, às vezes. A gente estava assistindo e eu falava: ‘Ô, coitada’.”
A atriz diz que estudou um pouco do universo dos influenciadores para se preparar para a personagem. “É um caminho muito positivo de dar visibilidade para a gente falar, se expressar e conhecer pessoas”, avalia. “E de olhar para regiões do nosso país que antes, talvez, não tivéssemos tanto essa influência no nosso audiovisual e no que consumíamos.”
“Dá para conquistar coisas muito grandes, muito lindas”, diz Cordeiro, ao rememorar que a própria atriz e humorista paraibana Gessica Kayane Rocha de Vasconcelos, a GKay, é conhecidíssima na internet. “A gente precisa sempre se observar, observar o que consumimos, o que compramos e as verdades que aceitamos.”
Por outro lado, a personagem também é “sonhadora, emocionada, leal e divertida”. “Ela está com essas amigas por lealdade e por segurança. São as pessoas que ela sabe que pode contar.”
A melhor amiga é Mayra, a mais pacificadora do grupo. “Ela é bem mundo da lua, meio esotérica”, afirma a intérprete Bruna Inocêncio. “Ela está ali sempre buscando a harmonia entre as meninas. ‘Calma, não briga’, ‘O que que eu faço?’, ‘Respira’. Ela tem essa vibe meio zen. E tem um lugar de curar os traumas, acho que ela traz isso também.”
Já Vivi (Samya Pascotto) é a nerd do grupo. “Ela é essa menina que adora coisas de ‘Star Wars’, ‘Star Trek’, ‘Pokémon’, o que a gente chama de geek”, explica Pascotto. “Ela embarca neste Carnaval sendo uma pessoa que não gosta da festividade, então vai pelas amigas. E, aí, ela é meio picada pelo bichinho do Carnaval e revê seus conceitos e preconceitos nesta jornada.”
Por fim, Michele é a mais espevitada da turma. “Michele é doida, não tem outro nome para dar”, diz GKay, em tom de brincadeira. “Ela é meio pifada da cabeça, mas, no fundo, é uma menina que quer viver. Ela realmente está ali para curtir cada momento, para aproveitar. Parece que ela tem uma sede de viver, uma sede de falar, uma sede de dizer tudo na cara de todo mundo.”
“Eu achei muito bonito essa vontade de Michele viver e de se expressar”, avalia. “É uma coisa que tem muito em mim. É uma personagem doida, mas que, no fundo, sabe o que está fazendo e também está aberta para novas possibilidades.”