Há 40 anos morria Clara Nunes, a “Mineira Guerreira” @agenciabrasil

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Clara Nunes teve uma infância humilde em Minas Gerais. Ela começou a cantar em coros de igrejas e, quando se mudou para o Rio de Janeiro, se profissionalizou. No início da carreira, interpretava músicas românticas e boleros, mas o sucesso veio mesmo com o samba.

Ao longo da carreira, Clara Nunes conquistou diversos prêmios musicais e foi a primeira mulher que vendeu mais de cem mil discos. Um trabalho que continua atual e serve de inspiração para artistas que fazem releituras da música de Clara Nunes. Foi o que fez a cantora Fabiana Cozza, que se inspirou em Clara para produzir o disco Canto sagrado.

“Eu tinha muita intimidade já com o repertório da Clara Nunes, porque acho que a Clara é um símbolo da brasilidade. Ela cantou muitos Brasis (…) o disco que a gente fez, em muitos momentos, traz as canções de cunho sagrado, voltadas para o candomblé e a umbanda. Neste contexto, de ataques às religiões de matriz afro-brasileira, eu acho que ele se faz hino. Tem canções que são hinos. Por exemplo, ‘Deusa dos Orixás’”.

Clara Nunes era filha de Ogum com Iansã e frequentava terreiros de umbanda e de candomblé. Com suas músicas, ela exaltou deuses das religiões africanas e as tradições quilombolas. Silvia Brugger, que é conselheira do Instituto Clara Nunes, diz que a cantora rompeu barreiras e levou a sua fé para os palcos na luta contra o preconceito.

“Cantar músicas que fazem referência às religiões afro-brasileiras, muita gente cantou. Antes e depois da Clara. Mas a Clara foi um marco no sentido de se assumir – inclusive, o Adelzon Alves, que a produziu nos anos 1970, ele queria fazer da Clara uma imagem audiovisual da cultura negra brasileira. A Clara assumiu isso nos palcos. Pai Edu, que foi um dos pais de santo dela, dizia que ela era uma mãe de santo no palco”.

No Rio de Janeiro, Clara ia sempre ao Terreiro de Vovó Maria Joana, onde às vezes ficava vários dias. Dely Monteiro, que é neta de Vovó Maria Joana, diz que Clara buscava sempre a proteção dos orixás e tinha uma relação de muito carinho com Vovó Maria Joana.

“Elas tinham uma relação muito forte uma com a outra. Então era ‘minha vó’ para cá, era ‘minha vó’ para lá… era como se fosse parente de sangue. Quando ela não ia para as viagens dela, de show, ela estava sempre aqui com a gente. Ligava e dizia para a minha mãe que já estava chegando. Que já era para fazer o feijão com o anguzinho, que ela gostava… como uma boa mineira, também uma couve (…) ela vinha com a kaftan dela… tinha sempre umas kaftans brancas. Sempre gostou de chegar e andar com o pé no chão, caminhando pela casa toda, e fazia as obrigações aqui nesse terreiro”.

A vida de Clara Nunes é contada no musical Deixa clarear, que está em cartaz há dez anos. Nos palcos, a atriz Clara Santhana interpreta a história de uma guerreira que sempre lutou para quebrar preconceitos.

“A responsabilidade era enorme, uma expectativa muito grande por parte do público. E as pessoas aceitam muito, elas conseguem ter este encontro com a Clara Nunes – logicamente, em figura, em representação teatral que a gente faz ali no espetáculo. E há muita emoção, sabe? Há muita comoção. Porque dá para ver que as pessoas tem saudade dela. E mesmo aqueles que não viveram na época da Clara Nunes – a Clara é tão importante que ela toca mesmo nas pessoas que não a conheceram. Então a gente tem saudade daquilo que a gente não viveu com a Clara”.

Clara Nunes morreu aos 40 anos de idade de insuficiência cardíaca, provocada por um problema em uma anestesia realizada durante uma cirurgia para retirar varizes. Portelense de coração, foi homenageada dando nome à rua onde fica a quadra da escola, em Madureira.

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Esta notícia pertence a: Agência Brasil

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