Conselho Comunitário de Segurança Pública reúne secretarias e sociedade civil para discutir impacto de distribuição de alimentos no centro
Suki Ozaki
Na noite desta quarta-feira (31), a reunião mensal do Conselho Comunitário de Segurança da Região Central (CCSRC) reuniu mais de 50 pessoas na sede do 1º BPM e contou com a participação das Secretarias de Assistência Social (SAS), Saúde, Sub secretaria de Direitos Humanos e representantes da sociedade civil onde foi discutido o aumento do número de moradores de rua e dependentes químicos que se espalharam por toda a região do centro de Campo Grande e bairros adjacentes.
Questionada sobre o número de moradores de rua e dependentes químicos que hoje transitam no centro, a SAS apontou o número de apenas 147, número bem inferior apontado pela secretaria em abril deste ano em reunião do Conselho da Região Urbana do Centro, na qual foi apontado 1.400 atendidos pela secretaria e Centro Pop (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua). Uma moradora da rua Joel Dibo, onde fica localizado o Centro Pop também falou da situação caótica que se encontra o local e os constantes assédios que sofrem moradores e comerciantes.
A secretaria de Saúde apontou os números de sete Caps na Capital com capacidade de atendimento para internação de 10 leitos cada, mas informou que apenas 15 dias é permitida a permanência no local para usuários de drogas que queiram tratamento, sem contudo apontar se há acompanhamento do paciente após este período. A Sub secrataria de Direitos Humanos falou das 315 vagas em Comunidades Terapêuticas que hoje são ofertadas pela prefeitura da capital ao custo de R$ 1.300,00 mensais para cada internação. Nesses locais a permanência é de até 12 meses, sendo que muitos deixam o tratamento após três meses a seis meses.
Outra pauta discutida durante a reunião foi o impacto da distribuição de alimentos no centro da capital realizada por Ongs e Igrejas. A representante da Comunhão Espírita Casa de Scheilla que faz a distribuição próximo do Horto Florestal, explicou como surgiu a iniciativa, bem como o apoio às Geladeiras Solidárias que estão em pontos da cidade. Moradores e comerciantes deram seu testemunho dos impactos que o gesto humanitário tem nos locais, como a permanência dos moradores de rua e dependentes químicos que acabam se fixando na área e o lixo que é descartado em via pública após a distribuição, bem como algumas vezes, os alimentos são jogadas nas residências, aumentando a insegurança e a insalubridade no local.
Os policiais civis explicaram que muitas marmitas são trocadas por drogas também, o que contribuem para mantê-los no vício, pois como eles garantem os alimentos durante o dia, à noite eles praticam furtos e roubos, principalmente entre às 1h e 5h da manhã.
“A intenção dessa reunião não é proibir, mas de regulamentar essas doações, como distribuí-las nas próprias igrejas e nos grupos que fazem esse trabalho. O caminho é a união de todos para achar uma solução para que fique bom para todos: moradores de rua e moradores de casa, comerciantes e trabalhadores ”, disse o presidente do CCSRS José Luiz Kreutz.
O Comandante do 1º BPM Ten Cel. Anderson Avelar explicou os esforços que os policiais têm feito para atender a comunidade, mas que é necessário um esforço conjunto para que as ações sejam positivas e possam coibir os crimes praticados pelos usuários, que têm um único objetivo: adquirir a droga para consumo.
Além do depoimento de moradores e comerciantes que sofrem com os assédios em suas residências e comércios, o Pr. Milton Marques, ex-morador de rua e ex-dependente químico que mantêm hoje a Clínica da Alma, disse ser formalmente contra a distribuição de alimentos aos usuários de droga.
Além das secretarias, foram oficializados os 29 vereadores da Câmara Municipal, dos quais apenas cinco (Vereadores Prof. André, Cel. Villassanti, Edu Miranda, Luiza Ribeiro e Prof. Juari) mandaram representantes. Segundo foi informado, o Ver. Cel. Villassanti está encaminhando um projeto de lei no sentido do Executivo regulamentar estas doações. Na mesma ocasião, o CCSRC manifestou seu repúdio às falas do vereador Prof. André na sessão desta terça-feira na Câmara em alusão ao trabalho realizado pela Polícia Militar.