Show de Taylor Swift assombra vizinhos do Allianz Parque em SP
Em dias de eventos, são fechados para o trânsito de veículos trechos de vias atrás do estádio do Palmeiras. A interdição ocorre nas ruas Palestra Itália, Caraíbas e Diana, pois elas recebem a concentração de público e a formação das filas para acessar os portões da arena.
No caso de Taylor Swift, há uma preocupação a mais: o fechamento das ruas será feito mais cedo do que o usual. Em vez de começar no início da tarde, o acesso será bloqueado a partir das 8h. “É a primeira vez que vão fechar tão cedo”, conta a gerente de dublagem Valeuska Barroso, 41, moradora da Palestra Itália.
“Eu já cheguei a ficar três dias sem sair de casa, não dava nem para passar a pé”, conta o aposentado Ricardo Augusto de Carvalho, 73. “Eu não sabia que um agente privado tem poder de tirar o meu direito de ir e vir”, reclama.
Há 20 anos, ele escolheu o bairro para morar porque queria usufruir com a família da área de lazer do clube, que deu lugar à nova arena em 2014.
Além dos três shows em sequência da cantora americana que acontecem até este domingo (26), o estádio do Palmeiras vem recebendo uma série de espetáculos de artistas de grande projeção internacional, como a cantora canadense Alanis Morissette, no último dia 14, e do grupo RBD, que fez quatro apresentações entre os dias 16 e 19 deste mês.
Em dezembro serão mais dez shows, entre os quais três do ex-Beatle Paul McCartney. O calendário até o fim do ano ainda conta com uma partida de futebol do time da casa.
O Palmeiras enfrentará o América-MG no dia 29, pelo Campeonato Brasileiro. O clube é importante candidato ao título e, caso seja campeão, a festa será no quintal de casa dos palmeirenses e dos seus vizinhos.
Não é só quem mora ao lado do estádio que reclama. Patrícia Hernandez, 46, mora na Vila Ipojuca, a três quilômetros da arena, mas precisa alterar a rotina da família quando há eventos.
“Nossa caçula frequenta uma escola pertinho do parque da Água Branca e as turmas da manhã ficam das 8h às 15h, bem no horário que o trânsito começa a tumultuar a região próxima ao estádio”, diz.
“Nos dias de shows e alguns dias de jogos, com o aumento de carros, filas de pessoas, barracas de fãs, vendedores, ficamos presos no trânsito. “Isso acaba sendo estressante porque são crianças pequenas, de 2 e 3 anos, que não entendem trânsito”, reclama.
O advogado Maurício Januzzi afirma que agentes privados não têm competência para barrar o acesso dos moradores e que é necessário credenciamento prévio, para facilitar o trânsito. Residentes relataram à Folha que não possuem esse tipo de credencial.
A empresa gestora do Allianz Parque disse que disponibiliza aos moradores do entorno o acesso voluntário ao aplicativo do programa Bom Vizinho, que possibilita o acesso ainda mais rápido dos residentes cadastrados. Em todos os eventos, segundo a empresa, monitores do programa devidamente identificados ficam nos bloqueios para auxiliar os moradores.
A CET informou que mantém agentes em postos operacionais no entorno do Allianz Parque, quando da realização de partidas de futebol e eventos naquele estádio e que as atividades de ronda e fiscalização do trânsito começam com antecedência bem como monitoramento das vias e bloqueios operacionais.