PSD pode ter proposta alternativa a Lula e Bolsonaro, diz Pacheco

Em entrevista à Folha, presidente do Senado se esquiva sobre candidatura ao Planalto e diz que decidirá em 2022

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, durante entrevista na Folha _ Pedro Ladeira/Folhapress 

FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA – Momentos após anunciar sua filiação ao PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), disse acreditar que a sigla pode ter uma “proposta alternativa” aos projetos que devem ser apresentados nas eleições de 2022 pelo PT e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Citado pelo presidente de sua nova legenda, Gilberto Kassab, como potencial candidato ao Palácio do Planalto no ano que vem, o senador afirmou que não pretende discutir essa possibilidade agora. “A minha posição política em 2022 será decidida em 2022”, afirmou Pacheco, em entrevista à Folha.

O presidente do Senado anunciou nesta sexta-feira (22) que decidiu deixar o DEM para se filiar ao PSD. O movimento foi lido como o primeiro passo formal para uma possível candidatura à sucessão de Bolsonaro.

O senador mineiro, porém, indicou proximidade com o primeiro desenho, apontando diferenças com o PT e com Bolsonaro.

“Há divergências em relação à proposta de Bolsonaro e há divergências em relação à proposta de Lula, e essas divergências têm que ser respeitadas”, afirmou.

“No momento certo, o PSD vai tomar suas decisões. Mas eu acredito muito que o PSD possa ter uma proposta alternativa, moderna, nova, de futuro, que possa olhar o Brasil para frente. Eu acredito muito que o partido será protagonista dessa proposta de Brasil”, declarou.

Ainda que sua mudança de partido seja vista como um sinal claro de que trabalha por uma candidatura presidencial, Pacheco não quis responder se estuda essa possibilidade.

“Eu mantenho a minha convicção de que o momento do Brasil recomenda um exercício pleno de compromisso com a pauta do Senado e do Congresso Nacional, com a solução dos problemas brasileiros. Não me permito antecipar a discussão da eleição de 2022, porque acho que isso terá o seu tempo oportuno”, afirmou.

Ele descarta essa análise e diz que se manterá “colaborativo em relação às pautas que interessam ao Brasil, inclusive aquelas que são gestadas no governo federal”, embora discorde “de uma série de coisas”.

No comando do PSD, o próprio Kassab já fez críticas ao governo Bolsonaro e deu sinais de que não há pontes entre a sigla e o presidente para a eleição do ano que vem.

Um dos motivos da ida de Pacheco para o PSD é a concorrência que deve se abrir em seu atual partido, o DEM, na fusão que foi aprovada com o PSL para dar origem à União Brasil.

Na nova legenda, outros nomes disputarão a candidatura à Presidência, como Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o apresentador José Luiz Datena (PSL).

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em setembro registrou Pacheco com 1% das intenções de voto para o Palácio do Planalto. Nesse cenário, Lula lidera com 42%, seguido por Bolsonaro, com 24%.

Depois, vêm Ciro Gomes (PDT), com 10%, João Doria (PSDB), com 5%, José Luiz Datena (PSL), com 4%, Simone Tebet (MDB), com 2% e Aldo Rebelo (sem partido), com 1%.

Na conversa com a Folha, Pacheco disse acreditar que o ambiente político “melhorou bastante” nas semanas após os ataques de Bolsonaro às instituições democráticas, no feriado de 7 de Setembro, e afirmou que viu a declaração do presidente como uma “retratação pública”.

“Desde então, o nosso ambiente melhorou bastante em termos de relação institucional e da relação entre os Poderes”, declarou.

O senador fez o comunicado sobre sua saída do DEM pelas redes sociais. “Agradeço aos filiados, colegas e amigos do Democratas de Minas Gerais e de todo o país o período de convivência partidária saudável e respeitosa”, escreveu.

Ele ainda agradeceu o presidente do DEM, ACM Neto, e desejou sucesso ao recém-criado partido União Brasil.

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