Grupo antipassaporte vacinal exibe cartaz nazista e chama vereadoras negras de empregadas em Porto Alegre
Vereadora Daiana Santos mostra o cartaz com simbolo nazista que os manifestantes contrários ao passaporte vacinal seguravam nas galerias – Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA
Matheus Moreira
Um grupo de manifestantes contrários ao passaporte da vacina na cidade de Porto Alegre exibiu pelo menos um cartaz que faz apologia ao nazismo no plenário da Câmara Municipal nesta quarta (20). Um integrante do grupo, que pedia o veto ao projeto, chamou vereadoras negras de empregadas.
A confusão aconteceu durante a discussão que antecedeu a votação que decidiria se o veto do prefeito de Porto Alegre ao passaporte da vacina seria mantido ou derrubado.
Tudo começou após o presidente em exercício, Idenir Cecchim (MDB), determinar a remoção de um homem que exibia um cartaz com apologia ao nazismo no plenário. O cartaz exibia a suástica e trazia imagens de braços de pessoas e o desenho de uma seringa sob o sinal de “proíbido”.
O homem não foi retirado pelos seguranças de pronto, segundo o vereador Matheus Gomes (PSOL), que reagiu tomando do homem o cartaz.
Somente então os seguranças teriam intervido e a confusão escalou até que a sessão fosse interrompida enquanto os manifestantes fossem removidos do local.
Após a saída do grupo do plenário, a votação foi retomada e, por 18 votos a 14 (e duas abstenções), o veto ao passaporte vacinal foi mantido.
Racismo e apologia ao nazismo
Durante a confusão, pelo menos duas vereadoras, Tássia Amorim e Bruna Rodrigues, ambas do PCdoB, foram chamadas de empregadas por uma manifestante. Rodrigues, que é presidente do partido em Porto Alegre, publicou em suas redes sociais um vídeo que mostra o momento.
“Infelizmente, ouvimos hoje aqui na Câmara o que estamos acostumadas a ouvir desde muito tempo. Ser chamada de “empregada”, de “lixo” é mais uma manifestação de um racismo que tenta desqualificar a todo momento a nossa chegada na Câmara”, escreveu.
Amorim afirma ter sido agredida por manifestantes e publicou em sua conta no Instagram fotos que mostram arranhões sobre a pele nos braços.
Para Matheus Gomes, o que aconteceu na Câmara Municipal “foi apologia explícita ao nazismo dentro de uma instituição democrática”.
Gomes afirma que havia homens trajando camisetas com a bandeira de Gadsen, que tem fundo amarelo e mostra uma cascavel em posição de ataque. A bandeira é um símbolo americano de amor à pátria adotado na revolução americana.
Atualmente, é utilizada por grupos de extrema direita americanos, tendo sido vista inclusive entre manifestantes que invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro deste ano, culminando na morte de cinco pessoas.
“Em nome do negacionismo e contra o passaporte vacinal, disseminaram o ódio racial e tentaram intimidar vereadores e vereadoras em Porto Alegre”, diz.
À Folha, Gomes disse que os vereadores já obtiveram junto aos órgãos responsáveis da Câmara Municipal a identificação dos manifestantes e que vão encaminhar a denúncia à Delegacia de Crimes contra a Intolerância