Vencedora do Jabuti, Karine Asth revela o que esperar de seu 2º livro

Primeiro romance de Karine, Dentro do Nosso Silêncio ganhou um Jabuti com narrativa sobre as expectativas e pressões da maternidade

O Prêmio Jabuti de 2023 coroou a escritora fluminense Karine Asht na categoria Romance de Entretenimento por seu primeiro livro, Dentro do Nosso Silêncio. A obra, que acaba de ter uma segunda edição lançada pela Companhia das Letras, traz uma narrativa envolvente sobre as expectativas e pressões que rodeiam a maternidade, o casamento e o sonho da família perfeita.

Dentro do Nosso Silêncio acompanha Ana e Samuel, um casal que decide ter um filho, mas, em meio a uma série de frustrações e tentativas fracassadas, enfrenta um abalo que põe em xeque a relação. A história provoca e cativa o leitor, abordando um tema delicado que, segundo a autora, ressoa profundamente com as experiências de muitas mulheres.

“Acho que primeiro porque existe uma crença de que a mulher nasceu para ser mãe. É quase uma obrigação para nós exercermos essa função. E daí que hoje esse assunto traz muitas discussões: acerca da melhor idade para engravidar e por isso temos que ‘ter cuidado’ com o tempo em que colocamos nossas carreiras como prioridade; acerca da vontade de ser mãe ou não”, conta Karine ao Metrópoles.

A autora explica que o livro nasceu dessa percepção de que, para muitas mulheres, a maternidade ainda é vista como uma obrigação, carregando consigo uma carga de expectativas e pressões que não afetam da mesma forma os homens.

“Abrindo um parêntesis aqui, só no último ano é que começamos a ouvir mulheres externando a decisão de não serem mães (ainda que sejam muito julgadas); tem ainda os casos de mulheres que são mães, mas que, se pudessem voltar atrás, repensariam essa decisão. Simplesmente porque agiram conforme o que é esperado delas e não por um desejo. Enfim, a temática da maternidade vai aparecer na vida da mulher em algum momento, ainda que seja para refletir se há uma vontade ou não de exercer essa função”, reflete.

Ainda assim, Karine diz que recebeu “alguns poucos feedbacks de homens”. “Confesso que não senti muita diferença no tom dos relatos em relação aos das mulheres. Talvez porque os que me enviaram mensagens trouxeram sua experiência pessoal. Em alguns casos houve a identificação com o processo do divórcio, em outros com a própria dificuldade de ter um filho. Mas fiquei muito comovida e surpresa, por não esperar deles relatos tão pessoais.”

É um retorno que, para Karine, reforça como o livro pode servir de espelho tanto para homens quanto para mulheres, permitindo que compartilhem suas vivências sobre um tema que vai além das questões de gênero.

Depois do Jabuti, um novo livro
Além do reconhecimento pelo Jabuti, Karine celebrou outras conquistas trazidas pelo sucesso do livro, como a publicação pela Companhia das Letras. “Muita coisa mudou. Como você disse, o prêmio traz um reconhecimento. E daí vieram muitas realizações. A maior delas com certeza é estar numa editora grande como a Companhia das Letras, pelo selo da Paralela. E tenho que dizer que estou amando essa experiência.”

Karine também revelou que gostaria de ver Dentro do Nosso Silêncio ganhar vida em outra mídia. “Sobre o audiovisual, tenho sim o desejo de que o livro vá para as telas. Ficaria muito feliz.”

O próximo passo na carreira de Karine já está em andamento: seu segundo romance, ainda em estágio inicial, continuará a explorar temas da complexidade humana. “Estou escrevendo meu segundo romance. Já venho trabalhando nele há uns dois anos, porém passo muito tempo no planejamento. Por isso, estou ainda nos primeiros capítulos. O que posso dizer é que, com essa nova experiência, descobri que gosto de escrever sobre a complexidade do ser humano. Dessa vez o livro vai trazer um drama familiar. Acho que é só isso o que dá para adiantar”, adianta a autora.