Reconhecimento: Emilio Dantas enaltece Fernanda Torres por série Fim da Globoplay

Foto: Roberto Filho/Brazil News
Na série Original Globoplay, inspirada no best-seller da atriz, ele interpreta o salva-vidas Ribeiro, o mais deslocado do grupo de protagonistas.
Nesta quarta-feira (01) mais dois episódios da série Fim, inspirada no best-seller homônimo de Fernanda Torres, lançada no Globoplay chegam à plataforma. A adaptação acompanha um grupo de amigos por quatro décadas e mostra como, ao longo dos anos, eles compartilham amores, traições, mágoas, alegrias, manias, loucuras e frustrações. Interpretando o salva-vidas Ribeiro, Emilio Dantas é um dos nomes do estrelado elenco da produção. Ao gshow, ele fala sobre a experiência e os principais desafios do trabalho.
Segundo Dantas, “Teve a pandemia no meio da série, acho que isso foi o mais inusitado que aconteceu”, começa Emilio, lembrando que as gravações de Fim, que começaram em 2020, tiveram que ser interrompidas apenas oito dias depois, devido ao início da quarentena da pandemia de Covid-19.
Em 2022, a equipe se reuniu novamente para dar continuação às gravações, que duraram 14 semanas no total. A trama, que se passa no Rio de Janeiro entre os anos de 1968 e 2012, é dividida em quatro fases, que abrangem a juventude, a maturidade e a velhice dos personagens.
Sobre a série, o grupo de amigos que protagoniza a série é o retrato de uma geração que tinha como pilar a ideia da “família tradicional”, em que os casais seriam “felizes para sempre”, mas foi atropelada pela revolução de costumes dos anos 1970. Devido a isso, os personagens reproduzem muitas falas e comportamentos hoje já vistos como ultrapassados e machistas.

Foto: Roberto Filho/Brazil News
O ator Emilio Dantas reflete sobre o processo de construção de Ribeiro nesse contexto: “Na verdade, acho que foi uma desconstrução, até usando uma palavra que se usa muito hoje em dia. Porque, em diversos trabalhos, quando a gente vai trazer essa faceta do machista, muitas vezes é dentro do contemporâneo, dentro de algo que a gente já pode analisar, debater e tirar conclusões ali in loco. No caso dessa série, a gente atravessa muitas décadas. Começamos nos anos 60 e vamos para 70, 80, 90… Então, o próprio conceito do machismo e do que era aceitável ou não mudou. E não só aceitável, mas hypado, né?”, diz.
Ainda segundo Dantas, “Na série, passamos por um momento em que ser machista não só era aceitável, como era legal. Então, acho que a gente precisou não se dar conta de todos esses questionamentos de hoje em dia, para trazer a realidade do que acontecia na época e de como era essa estruturação de amizades e de famílias.”
Sobre o livro e a série, esse “choque de gerações”, para o ator o humor aparece na série de uma forma muito singular, sem que se precise de um esforço cênico dos atores para fazer o público rir, e ele credita todo o mérito disso ao texto de Fernanda Torres. “A Fernanda como autora é muito fora de tudo que já vi, porque não é um humor satírico, é muito mais o ridículo mesmo. E aí vira uma coisa que você não precisa nem fazer esforço, está tudo dentro do texto, sabe?”.
Emilio Dantas enfatiza, “Acho que ninguém sabe trazer o ridículo com tanta classe quanto a Fernanda. Vocês vão rir, mas vão rir do quão ridículo tudo aquilo um dia foi e muitas coisas continuam sendo.”
A leitura do livro já havia sido feita pelo ator há alguns anos, com isso Dantas considera que a série traz uma nova versão do texto e acredita que este é mais um motivo para o público assisti-la. “O roteiro mexeu bastante no que era o livro. Ele era todo setorizado, um personagem por capítulo, e, para ser série, precisava de outro ritmo, outra forma de se entregar a história. Eu amei, porque acabei vendo dois trabalhos da Fernanda. Aliás, todo mundo tem essa possibilidade, de ver o mesmo trabalho da Fernanda com duas caras diferentes”.

Foto: Globo/Fábio Rocha
Seu personagem conhecido como Ribeiro, Emilio explica mais do papel de seu personagem entre os nove amigos retratados em Fim. “Ele é um salva-vidas que conhece os outros por acaso e é arrebanhado por essa galera, que passa a ser a galera dele, mesmo que ele não tenha tanta presença assim, não consiga entrar de cabeça e trocar o suficiente com os amigos”.
Sobre a caracterização, para retratar o envelhecimento de Ribeiro ao longo dos anos, o ator passou por um intenso processo de caracterização e trabalho corporal. “A gente passava duas, três horas para fazer toda a maquiagem. Eu ainda precisava tampar todas as minhas tatuagens, em qualquer fase, desde jovem até mais velho. E, como os personagens chegam numa idade bastante avançada, ainda tinha a coisa comportamental, de respirar, andar, fazer tudo mais devagar e sentir essa fraqueza da velhice”, conta Emilio.
O ator considerou que apesar da complexidade do trabalho, poder experimentar situações tão diferentes é, para Emilio, um dos maiores prazeres do ofício de ator. “Para mim, foi maravilhoso me ver velho. Assim como foi maravilhoso me ver em muitos outros personagens também, em circunstâncias bastante diferentes da minha. Essa profissão é muito legal por poder experimentar todas as possibilidades de existência que a gente tem”, conclui.