Operação “Tromper” coloca Prefeitura de Sidrolândia sob suspeita de manter “esquema de corrupção” ativo desde 2017

Policial do Gaeco em um das casas alvo da ação (Foto: Marcos Maluf/Campo Grande News)

Da Redação

Apesar da aparente tranquilidade e confiança demonstradas ontem, 18, nos contatos que manteve com a imprensa, a verdade é que a prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), está com a pulga atrás da orelha e muito preocupada com o estrago que pode causar à sua administração e à imagem do pujante município a Operação “Tromper”, deflagrada na manhã de ontem na sua cidade.

A operação foi realizada por policiais do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), com apoio da equipe da 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia.

Policiais do Gaeco e do Gecoc são especialistas em desbaratar quadrilhas que são montadas em órgãos da administração pública, direta e indireta, em todas as esferas, para se locupletarem do dinheiro público através de negociações ilícitas.

Prefeita Vanda Camilo emitiu nota sobre a presença da Polícia e do MPE na cidade _ Assessoria PMS/divulgação

A prefeita Vanda Camilo (PP), diante do estrago da notícia que caiu como uma bomba na cidade, emitiu uma nota de esclarecimento apoiando as investigações que podem, contudo, respingar fortemente em sua administração porque, segundo o Gaeco, o Gacoc e a 3ª Promotoria de Justiça, as investigações vão à busca de um possível “esquema de corrupção na atividade administrativa do município de Sidrolândia, em funcionamento ao menos desde o ano de 2017”.

Trocando em miúdos, ao usar o termo “desde”, os investigadores fazem com que as suspeitas que recaem sobre a administração que a antecedeu Vanda na Prefeitura, no quadriênio 2017/2020, recaiam também sobre a atual administração, embora ela procure demonstrar confiança e reafirmar a lisura da sua administração.

O que pesa, mesmo, é que a investigação atingiu de forma direta a administração de Vanda Camilo, porque foram feitas buscas e apreensões, inclusive de dinheiro, armas e munições, em residência de servidor público graduado da municipalidade.

Dinheiro vivo apreendido durante buscas em Sidrolândia _ O Jacaré

Conforme esclarecimento dos investigadores, o esquema de possível corrupção ativa na administração municipal sidrolandense destina-se à obtenção de vantagens ilícitas, por meio da prática de crimes de peculato, falsidade ideológica, fraude às licitações, associação criminosa e sonegação fiscal.

De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), para legalizar o desvio do dinheiro público, o grupo criminoso viabilizava a abertura de empresas e seu registro junto ao Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) ou se aproveitava da existência de cadastramentos preexistentes, para incrementar o objeto social sem que o estabelecimento comercial apresentasse experiência, estrutura ou capacidade técnica para a execução do serviço contratado ou fornecimento do material adquirido pelo ente municipal.

Durante o cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão em empresas e na casa de um servidor graduado, os promotores apreenderam armas, munições e dinheiro vivo.

Estão em investigação, portanto, atos que se enquadram em crimes de corrupção e atinge diretamente a atual administração que fica sob suspeita de ser protagonista de fraude em processos de licitações e compras da prefeitura, com possível desvio de dinheiro público e favorecimento a empresas em compras.

“Tomei conhecimento, por meio da imprensa, sobre a operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAEGO) em nossa cidade, e estou acompanhando atentamente o desdobramento dessa situação”, informou Camilo, em nota divulgada ainda na manhã de ontem.

Dinheiro e armas apreendidos durante buscas em Sidrolândia _ O Jacaré

PRECEDENTES – As denúncias contra a administração da prefeita Vanda Camilo não são novidade.

No começo desse ano, o site campo-grandense O Jacaré publicou reportagem denunciando que Marcus Vinícius Rossetini de Andrade Costa, condenado por improbidade administrativa pelo desvio na compra de remédios na Prefeitura de Jardim, comandava o setor de licitações da Prefeitura de Sidrolândia.

Além de já condenado, ele ainda era réu por “sumir” com R$ 6,3 milhões do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian.

A sentença do juiz Victor Figueiredo Oliveira, da 2ª Vara Federal de Ponta Porã, que condenou Marcus e foi publicada no site da Justiça Federal, levou em consideração a denúncia de que empresas gaúchas faziam parte de uma quadrilha que atuava em vários estados pagando propina a servidores públicos para fraudar licitações e entregar menos produtos do que o previsto nas notas fiscais.

“As empresas SULMEDI [Sulmedi Comércio de Produtos Hospitalares] e MULTIMEDI [Multimedi Comércio de Produtos Hospitalares] seriam empresas de fachada, pois ambas possuem endereço idêntico no cadastro do sistema do Ministério do Trabalho”, pontuou o magistrado na sentença.

TROMPER – Verbo da língua Francesa, o termo “Tromper”, utilizado pelos investigadores do Gaeco, Gecoc e Ministério Público, significa “enganar”, mas, também é traduzido e utilizado, com menos frequência, como “induzir alguém ao erro” e “errar”.

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